Pular para o conteúdo principal

Vitimismo, o escudo dos covardes

(Autor: Professor Caviar)

Quantos falsos cristos montam para si calvários, asfaltando estradas para sua encenação de vitimismo, enquanto cruzes de plástico são carregadas para o fim do caminho criar falsos crucifixos com "furos" de hidrocor e "sangue" de molho de tomate.

O vitimismo foi o escudo que Francisco Cândido Xavier usou em sua carreira, toda vez que ele era alvo de um escândalo. Quando o "médium" sentia que podia ser responsabilizado por uma fraude, ele tinha que fazer seu teatro, bancando o coitadinho, reagindo em silêncio, achando que sobreviveria ileso depois de uma chuva de pedras.

Foi com esse truque que Chico Xavier passou por cima das confusões que ele mesmo criou, mas das quais foi eximido de culpa, apesar de tantas e tantas faltas que lhe responsabilizariam da forma mais enérgica possível. O maior deturpador do Espiritismo ainda foi favorecido pela doença, que o fez ter uma aparência de velhinho frágil, o que reforçou demais o vitimismo. De fato, nessa época Chico Xavier era um velho frágil e doente, mas ele usou isso como carteirada para evitar ser considerado responsável por seus piores atos.

Isso é muito ruim. Mas o Brasil é isso mesmo, premiamos os arrivistas com as glórias terrenas, que no âmbito das paixões religiosas as pessoas imaginam se estender até as supremas esferas do Alto, mas que só têm validade nos limites materiais do nosso planeta. Será uma decepção muito grande as pessoas perceberem que a "luminosidade" de Chico Xavier só tem validade nos limites brutos da orbe da Terra.

ORGULHO ENRUSTIDO

É muito comum atribuir as críticas a Chico Xavier a essa hipérbole do vitimismo, onde mesmo os críticos mais sensatos são acusados, levianamente, de serem supostos "Pôncio Pilatos" a perseguir "homens de bem". Infelizmente, a religião acaba servindo de carteirada para pessoas fazerem o que quiserem e saírem inocentados até das piores e mais comprovadas acusações. 

Ser "médium espírita", então, é bem melhor do que se filiar ao PSDB. É só montar uma casinha, jogar uns pobres e doentes dentro, pedir verbas federais e depois publicar livros usando um morto da moda. As glórias da Terra serão imensas e, se juízes e policiais se aproximam do "médium", é só para cumprimentar ou até pedir conselhos. Se o "médium" João de Deus foi preso, é porque ele é considerado "médium de aura baixa".

Mas o vitimismo é uma demonstração de orgulho enrustido, e mais terrivelmente orgulhoso é aquele que aposta no coitadismo, fazendo o que quer na vida e, diante da acusação do crime cometido, fazer draminha, ficar cabisbaixo e até fazer cara de choro. Os criminosos ricos, para obter a impunidade, precisam, nos tribunais, ficarem de cabeça baixa, com olhar triste, para garantir a sentença de liberdade condicional tão desejada.

"Chuvas de pedras", "via crúcis naturais", "fúria de bestas-feras contra o trabalho do bem": essas e tantas expressões do dramalhão "espírita", na verdade, servem para camuflar o orgulho e a vaidade, forçando a comoção pública que simplesmente se mantém enganada pelos usurpadores da fé, que através do coitadismo protegem seus privilégios.

ALLAN KARDEC TAMBÉM SERIA UM "PÔNCIO PILATOS"?

A verdade é que o esperto Chico Xavier usava o vitimismo para mascarar seu orgulho. E, o que é pior, ele deixava seus seguidores e protetores falarem por ele. Ele, diante das denúncias de escândalos (com provas!) de fraudes diversas, como nas "psicografias" com indícios de serem fake, assim como as "materializações" que contavam com os atestados assinados pelo "médium", reagia cabisbaixo e, aparentemente, resignado com as acusações.

Em vários momentos, Chico Xavier "aceitava" ser alvo da "fúria humana" contra ele. Ele, que era um habilidoso manipulador de mentes humanas, capaz de fazer olhares hipnóticos e alegar que "falava com os mortos" para amedrontar as pessoas, também se fazia de coitadinho diante das acusações, um recurso de manipulação mental onde o culpado se faz de vítima para forçar a comoção pública e recuperar o poder.

Desconfiemos desses recursos, em que a retórica se torna dramática demais, com seus exageros muito suspeitos, atribuindo os escândalos à "fúria de leões famintos", falando em "falsos calvários armados contra os servidores do bem", num grande malabarismo de palavras feitos para dramatizar demais o problema, dando a falsa impressão de que o culpado seria "um humilde perseguido" por "patrícios furiosos contra a obra de humildade e dedicação ao próximo".

Quanta retórica, quantas lágrimas de crocodilo, quanta oratória transformando até mesmo o raciocínio crítico em "medonhas tormentas"! Quanta pretensa erudição no embelezamento discursivo do vitimismo, teatros que contam com narrativas prontas, dramáticas demais para que se veja nelas a verdadeira defesa da humildade, do humanismo e do altruísmo.

Vale lembrar que Chico Xavier deturpou o Espiritismo. Isso não foi um acidente de percurso, assim como também não foi fruto de um entusiasmo extremo com as origens católicas. Foi, sim, um trabalho irresponsável de desfiguração da lógica espírita original, através de devaneios e pradigmas próprios do Catolicismo medieval.

Muitos aspectos da obra de Chico Xavier são explicitamente identificados com os aspectos negativos que os livros e artigos da obra original de Allan Kardec. Qualquer dúvida, é só verificar tais aspectos: textos empolados (prolixos), uso de nomes ilustres para enganar o público (como atribuir autorias espirituais a grandes escritores mortos), previsão de datas determinadas para acontecimentos futuros (a tal "profecia da data-limite), inserção de ideias mistificadoras ("cidades espirituais" feitas ao arrepio da Ciência Espírita e nas quais há bichinhos e crianças fofos) e até de ideias excêntricas (como supor que extraterrestres salvarão a humanidade na Terra).

Será que Allan Kardec, ao criticar esses aspectos, assim que oficialmente os mesmos serem confirmados nas irregularidades de Chico Xavier, também se terá coragem de chamar o professor lionês de "besta-fera", "leão faminto", "Pôncio Pilatos do Absolutismo francês" ou "inimigo interno do trabalho do bem"?

O vitimismo é muito ruim. É uma máscara de humildade que disfarça o orgulho, a presunção e a arrogância. É uma forma de fugir das responsabilidades ante os piores atos. Chico Xavier não teve a trajetória limpa que a posteridade registrou das vidas de Jesus e Kardec, estes sim marcados pela integridade e pela sobriedade.

Em vez disso, a vida de Chico Xavier foi uma série de fanfarronices que só a memória curta tenta fazer esquecer, deixando apenas a imagem do "velhinho bondoso" que supostamente "fazia caridade" e "dizia frases de sabedoria".

Se observarmos bem, as denúncias contra Chico Xavier são consistentes e com provas fartas. Mas são dois pesos e duas medidas. O ex-presidente Lula é condenado sem provas, bastando o disse-me-disse sobre edifícios triplex e sítios. Já Chico Xavier se beneficia, como um Aécio Neves da religião, porque suas "psicografias" possuem fartas provas de que são fraudes, prova-se até que ele não fazia "psicografias" sozinho (mas seus parceiros não eram do além-túmulo, mas de gente encarnada da FEB), ele apoiava fraudes aberrantes de materialização e até o reacionarismo doentio, em doses bolsomínions, o "médium" expressou de forma mais clara num programa de TV de grande audiência.

São provas fartas, imensas, e bastante objetivas, colhidas sem qualquer demonstração de ódio nem de animosidade sequer. Apenas os fatos comprovam que Chico Xavier cometeu charlatanismo e era um reacionário de deixar Olavo de Carvalho de queixo caído. Fatos explícitos, evidentes, claros. Paciência. Será que os fatos também "cometem injustiças"? Quando a verdade atinge um ídolo religios, ela se torna uma "mentira traiçoeira"? E as mentiras, as fantasias, elas são "realidade" porque trazem uma abordagem positiva de um ídolo religioso?

Desculpem, mas, agindo assim, os seguidores de Chico Xavier demonstram serem grandes idiotas. Paciência, ele teve uma trajetória de confusões e erros gravíssimos - podemos dizer até crimes, como de falsidade ideológica, através da usurpação de nomes ilustres como Humberto de Campos - e deve ser responsabilizado por isso.

Não podemos deixar que as paixões religiosas criem um "reino da fantasia" na qual a realidade, a lógica, os fatos e a coerência estejam proibidos de entrar. Da forma como foi feita a deturpação do Espiritismo do Brasil, tudo virou uma grande farra na qual "médiuns" só servem para serem idolatrados - mesmo diante da desculpa cafajeste de "adoração saudável a uma pessoa humilde" - , enquanto a "psicografia" e a "caridade" só servem de ganchos para reforçar essa adoração doentia.

Daí que o vitimismo, com todo o seu dramalhão de fabricar falsos calvários, falsas cruzes e usar o dedo acusador para atribuir falsos Pilatos até aos mais valiosos conselheiros, quando eles dizem coisas desagradáveis, só serve para mascarar o orgulho dos falsos cristos que querem manter as glórias na Terra, achando que elas poderão se estender para o Alto, nas elevadas esferas espirituais. Mas essa grande ilusão só cola na Terra, sobretudo num Brasil de gente desinformada que se deslumbra facilmente por qualquer coisa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um