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Adoração a Chico Xavier lembra comédia de Monty Python


(Autor: Professor Caviar)

O Brasil virou um país de idiotas desde que se deixou eleger um presidente como Jair Bolsonaro, cujo governo só está sendo marcado por escândalos atrás de escândalos, deixando o país à deriva.

Mas isso é um efeito das condições psicológicas que a adoração ao "médium" Francisco Cândido Xavier, de ideias medievais e atividade psicográfica duvidosa, favoreceu, criando um país desastrado e trágico, porque temos a ilusão de que encarnações (que já possuem um prazo limitado estimado em 80 anos) podem ser jogadas fora em nome de uma "vida futura" que não temos ideia de como é.

A adoração a Chico Xavier apresenta aspectos de profunda pieguice, chegando ao nível da mais completa idiotia. As pessoas chegam ao cúmulo de preferirem ser imbecis na adoração ao "médium" do que encarar qualquer esclarecimento. A idolatria é tão cega que nem essa cegueira é notada, porque os piores cegos são aqueles que tratam suas trevas como se fosse a própria luz. Daí a falácia de que essa idolatria doentia é tida como "uma saudável admiração a um humilde homem de bem".

Mas o que surpreende é que o mundo exterior vem com uma enxurrada de lições e alertas que desqualiicam essa idolatria. Os brasileiros, medrosos, evitam encarar qualquer revelação negativa de Chico Xavier, e se irritam e enfurecem quando informados a respeito. São gente graúda que comete o vexame de preferir ver Chico Xavier dentro do mundo da fantasia, e ainda reclamam quando as meninas, em sua infância, ficam idolatrando as "princesas da Disney"! É aquela coisa do argueiro nos olhos dos outros de quem não reconhece a trave nos seus.

Temos lições até em fontes bastante inusitadas. O seriado South Park, em que pese suas abordagens escatológicas, consegue surpreender com um aviso muito grave sobre paixões religiosas num episódio natalino, que serve para questionar o aparato de beleza em torno de Chico Xavier. Mas outro ensinamento duro parte de outra obra de comédia, trazida pelo grupo britãnico Monty Python.

Eles fizeram um filme que parodia a vida de Jesus de Nazaré. Trata-se de A Vida de Brian (Monty Python's Life of Brian), que completa 40 anos, já que foi lançado em 1979. A sinopse do filme é a de que um homem comum chamado Brian (Brião?) foi confundido como o novo mensageiro da humanidade, e a ele se atribuem poderes extraordinários e uma missão redentora para o povo.

O mais curioso é que o filme coincide mais ou menos com a época em que o establishment da fé religiosa, no caso a "espírita", associada ao poder político (ditadura militar) e midiático (primeiro Diários Associados, depois e atualmente Organizações Globo), moldou Chico Xavier de maneira "limpinha", eliminando ou minimizando aspectos polêmicos antes abordados em sua pessoa, dando-lhe um verniz de "simplicidade" e "humildade", enfatizando mais o lado religioso do que o (supostamente) paranormal.

APESAR DE PROVAS DA IRREGULARIDADE, SEGUIDORES DE CHICO XAVIER AS DESQUALIFICAM, EXIGINDO "MÉTODOS MAIS COMPLEXOS"

Se os brasileiros fossem melhor informados, cairiam da cadeira. A realidade concorria com uma comédia de cinema, pois, enquanto o falecido humorista Graham Chapman, membro do Monty Python (muito comparado ao Casseta & Planeta Urgente em sua melhor fase; consta-se que, se o filme fosse feito por esse grupo, o "Brião" seria justamente o falecido membro, Bussunda), parodiava a idolatria religiosa ao personificar um medíocre cidadão que era visto como "salvador da humanidade", a vida real mostrava um caso ainda mais grave, a idolatria em torno de Chico Xavier.

Chico Xavier cometeu horrores em sua trajetória. Se envolveu com literatura fake, que se conformou fraudulenta. Inventaram que ele não podia fazer fraudes alegando que "trabalhava sozinho", mas descobriu-se que havia, junto a ele, revisores, editores, redatores auxiliares e consultores literários. As obras "psicográficas" sempre apresentavam problemas em relação aos aspectos pessoais dos autores mortos alegados, e isso podia ser surpreendentemente comprovado.

Mas aqui os partidários de Chico Xavier, hipócritas, alegam que neste caso não podem haver recursos simples de obtenção de provas. A ideia de que dois mais dois é igual a quatro lhes é "inválida", pois, neste caso, para se chegar a quatro, deve-se adotar coisas tão complicadas quanto o método de Gram-Schmidt, uma complexa fórmula matemática que estuda vetores geométricos.

Os pseudo-cientistas se baseiam em métodos complicados, retóricas prolixas, argumentos rebuscados, porque apostam numa "Ciência pelo obscurantismo", e não pelo esclarecimento. Ficam se revoltando quando as irregularidades de Chico Xavier podem ser comprovadas por meios mais simples de observação e tentam desqualificar esse método, mesmo que ele esteja em pleno acordo com os ensinamentos espíritas originais.

PIOR DO QUE O BRIAN DA COMÉDIA

O que vemos na comparação de A Vida de Brian com a campanha de endeusamento a Chico Xavier, montada no Brasil a partir de um modelo importado do "fabricante de santos" Malcolm Muggeridge - também britânico - , é que a realidade brasileira é, na verdade, surreal, e é vergonhoso que o que, no mundo desenvolvido, ocorre no âmbito de uma comédia, no Brasil acontece no terreno da realidade.

Mas o mito de Brian e o de Chico Xavier se diferem porque o do "médium" é muito pior do que o do judeu do filme humorístico. Brian é apenas um sujeito mediano, talvez até medíocre, que apenas quer viver sua vida mas se torna alvo de profunda idolatria religiosa. Mas Chico Xavier tornou-se um ídolo religioso com poderes tirânicos de dominação, apesar do aparato de "suavidade" que reina em torno dele.

A primeira carteirada de Chico Xavier foi supor um livro que reunia "os mais diversos escritores mortos", que ele alegava terem "ditado obras" do além-túmulo. O nome poderia inspirar desconfiança, pois, naquele 1932, evocar o Parnasianismo no título de um livro, Parnaso de Além-Túmulo (apesar do "grosso" da obra ser de poemas supostamente atribuídos a autores do Romantismo e do Simbolismo), era, na melhor das hipóteses, cafona, numa época em que o Modernismo já havia conquistado o mainstream da literatura brasileira.

Chico Xavier era, na verdade, um admirador de circo e acabou se tornando artífice de práticas de ilusionismo e manipulação mental, talvez depois de conhecer as obras de Phineas Taylor Barnum e William Mumler, famosos ilusionistas do século XIX, por indicação provável de Antônio Wantuil de Freitas.

O "médium" Chico Xavier tornou-se, então, um malabarista do discurso dos mais habilidosos (e dos mais perigosos). Criou uma série de manipulações de sua trajetória que possibilitaram sua ascensão arrivista de tal forma que, de um pastichador de textos, ele passou a ser conhecido como um semi-deus, e hoje ele é visto pelos incautos como um profeta dos tempos futuros.

Essa atribuição "profética" é feita em condições e sob aspectos bastante risíveis, como os erros geográficos e sociológicos da "profecia da data-limite", que "previa", entre outras coisas, que, diante de uma catástrofe que, de maneira binária, eliminasse o Hemisfério Norte - cometendo a incoerência de dizer que o Chile, mesmo pertencendo ao Círculo de Fogo do Pacífico, seria poupado de catástrofes vulcânicas e sísmicas que eliminariam o Japão e a California, nos EUA - , povos como os eslavos, que vêm de regiões frias, iriam migrar para o Nordeste brasileiro, se esquecendo que, na época de nascimento de Chico Xavier, já havia eslavos colonizando o país, se instalando na Região Sul.

Esse malabarismo discursivo foi tão astucioso e favorecido pelas circunstâncias que até a doença de Chico Xavier tornou-se um artifício para dominar as pessoas, através do truque do vitimismo. Ninguém, em tese, iria questionar as fraudes de um "velhinho doente", embora sabemos que os maiores seguidores de Chico Xavier são justamente os que jogam seus velhinhos, como pais, mães, avós e até sogras, no primeiro asilo irregular que encontram, como se jogassem entulho velho no primeiro lixão que estiver à sua frente.

A situação é tão surreal que é difícil desmontar o mito de Chico Xavier. E nele a fantasia prevalece sobre a realidade. Volumes que glorificam sua pessoa são cheios de relatos idiotas, e recentemente a Editora Alto Astral, do astrólogo João Bidu, vem com um volume piegas sobre o "médium", sobretudo com o título, carregado de hipocrisia, de "Mensageiro da Paz". Só que Chico Xavier defendia que os sofredores tinham que aceitar os infortúnios em silêncio, sem reclamar uma vírgula sequer, e isso consiste na "paz sem voz" trazida pelo falecido músico Marcelo Yuka.

Na verdade, ainda corroborando Yuka, admitimos que Chico Xavier estava mais para "mensageiro do medo". E é mesmo. Hoje as pessoas estão fugindo de medo dos textos que apontam dados sombrios sobre o "médium", e é gente crescida, algumas pessoas com relativo grau de inteligência, mas que recorrem a reações tão panacas e tão teimosas, apavoradas com a luz do esclarecimento que ameaça queimar o altar que, em suas cavernas modernas, armaram para homenagear Chico Xavier, com as sombras que suas velas formam pelo reflexo das chamas e que acreditam ser "espíritos benfeitores".

O Brasil se encontra numa situação grave, em que pessoas se sentem escravas das paixões religiosas, de maneira tão preocupante quanto doentia. Reagem, até com violência, a qualquer esclarecimento em torno de fatos negativos envolvendo Chico Xavier. Fogem da luz e correm para as sombras da caverna, onde podem idolatrar Chico Xavier como símbolo de uma coleção de virtudes que as pessoas não desenvolvem por conta própria e que nem o próprio "médium" tinha.

Quem observar, por exemplo, Chico Xavier no programa Pinga Fogo da TV Tupi, nas reportagens de O Cruzeiro e no caso dos amigos do falecido universitário e engenheiro Jair Presente, verá que o mito de "meiguice" e "doçura" associado ao "médium" não passa de mentira, pois Chico era espertalhão, ranzinza, arrogante, irritadiço e extremamente reacionário.

E ver que até uma comédia alerta sobre os perigos das paixões religiosas é bem chocante. O pior cego é aquele que não quer ver. Chico Xavier não era necessariamente cego (tinha problemas de visão, mas eles eram relativos), mas promoveu a cegueira de seus seguidores, que em torno dele se tornam escravos e reféns de uma idolatria marcada pela fantasia e pela dissimulação.

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