Pular para o conteúdo principal

Biografia e coletânea reforçam fascinação obsessiva por Chico Xavier


(Autor: Professor Caviar)

Só mesmo no Brasil para o Espiritismo se transformar numa farra igrejista, num perigoso caminho em que as paixões religiosas escravizam emocionalmente as pessoas, através do perigoso processo do "bombardeio de amor" que alimentam fascinações obsessivas.

Francisco Cândido Xavier é o maior espírito obsessor do Brasil e, quiçá, do mundo, e levou às últimas consequências a mitificação bolada pelo inglês Malcolm Muggeridge para promover Madre Teresa de Calcutá. Essa mitificação só serve para promover adoração a pretensos símbolos de pacifismo, fraternidade e amor ao próximo, um processo que promove cegueira emocional, fanatismo e transforma pessoas em verdadeiros zumbis emotivos, transformando o simples ato de chorar e se comover numa espécie de "masturbação com os olhos".

Dois livros revelam esse perigoso caminho das paixões religiosas, um deles adocicando a biografia de Chico Xavier, feitos pelo escritor "espírita" Luís Eduardo de Souza. Ele escreveu vários livros reforçando o mito do suposto médium, caprichando na promoção de sua imagem idealizada, feito uma "fada-madrinha do mundo real", usando o mercado literário para faturar em cima da idolatria religiosa, embora, dentro do oportunismo "espírita", haja cópias dos livros para download gratuito em PDF, porque, como diz o ditado, "de graça, só injeção na testa". E como Chico Xavier representa essa injeção na testa feita para anestesiar o cérebro, para permitir que o coração "possa pensar".

O livro biográfico evoca a fascinação obsessiva até no título: A Fascinante História de Chico Xavier, um levantamento de muitas fantasias que garantem a imagem heroificada e santificada do homem que vergonhosamente deturpou o Espiritismo e, evidentemente, o rebaixou a uma religião de mera adoração, principalmente à pessoa do "médium".

Vejamos o release, cheio de apelos piegas, do livro na sua publicação no Google Books (os livros de Luís Eduardo também tem edições no Amazon Kindle, Google Books e vendido em livrarias e sebos, só para sentir a gravidade do caso), que merece leitura cautelosa para que a pessoa não se perca nos apelos emocionais tentadores e traiçoeiros:

"A Fascinante História de Chico Xavier é o retrato do homem que se tornou mito. Durante seus 92 anos de idade, viveu como um santo, fazendo o bem por onde passava, exemplificando cada um dos ensinamentos que trazia. Foi incompreendido por alguns, mas amado por milhões de pessoas. O maior médium de todos os tempos psicografou mais de 451 livros sobre os mais diferentes assuntos, o que atesta sua capacidade extraordinária, já que, de família humilde, teve oportunidade somente de concluir o curso primário. Considerado um exemplo por espíritas e simpatizantes, poderia ter ficado rico, mas doou tudo o que ganhou em direitos autorais para instituições de auxílio ao próximo. Viveu, até o seu último dia, com o salário de sua aposentadoria, sem usufruir materialmente dos ganhos obtidos com suas obras. Esta obra é formada por trechos dos best-sellers O Homem que Falava com Espíritos e Desvendando o Nosso Lar, ambos do mesmo autor, e que foram cedidos para confecção de A Fascinante História de Chico Xavier, que tem a pretensão de rememorar a trajetória e os ensinamentos deixados por Chico Xavier para que sirvam de exemplo a todos".

Muita mentira é publicada nesse livro, e mesmo os incidentes negativos, quando mencionados, são narrados sob o prisma do vitimismo. Se Chico Xavier, por exemplo, se encrencou com suas supostas psicografias literárias, como os risíveis Parnaso de Além-Túmulo e a série Humberto de Campos / Irmão X, obras que causaram indignação (com razão) os meios literários, a ponto de ir ao banco dos réus por iniciativa dos herdeiros do autor maranhense, somos forçados a acreditar que o "médium", na verdade culpado em tais incidentes, apareceu como "vítima" da "sanha dos homens na Terra contra o trabalho do bem".

A biografia é adocicada e muito mitificada. Luís Eduardo de Souza não esconde o mito mas ele, com uma narrativa sonhadora e emocionalmente envolvente - o que é muito perigoso - , mistura mistificação, mitificação e realidade, criando, na biografia, um conto de fadas para adultos e idosos, trilhando por um caminho que nunca seria recomendado por Allan Kardec.

O livro só serve para promover idolatria. É o típico livro chapa-branca, rasga-seda, mesmo. Mas sua gravidade está simplesmente no fato de que esses livros nada contribuem para entender o Espiritismo, e nada trazem do verdadeiro conhecimento. São livros de pura mistificação, engodos literários que só servem para encher os cofres de oportunistas e mercadores da fé religiosa, e que já haviam sido prevenidos pelo próprio Kardec como perigosos meios de promover mistificação.

Kardec preveniu que deturpadores do Espiritismo poderiam usar os mais belos apelos, das mais diversas formas, para garantir status de superioridade para oportunistas que usam a caridade e a fé religiosa como pretextos para inserir conceitos contrários à Doutrina Espírita. No Velho Mundo, que sofreu vários infortúnios considerados hoje inéditos para o Brasil, o "bombardeio de amor", técnica perigosa de manipulação mental das pessoas, é assim reconhecido lá fora, apesar dos aparentes apelos de beleza e afetividade profundos. Só no Brasil o "bombardeio de amor" é visto sob um viés "pacifista", por pessoas ainda pouco esclarecidas quanto a armadilhas de linguagem.

Complementando esse livro fantasioso de Chico Xavier, outro livro também apela, no título, para alimentar a fascinação obsessiva: As Mais Lindas Mensagens de Chico Xavier. Um engodo que vende como pretensa "filosofia" frases típicas de auto-ajuda barata trazidas pelo "médium", de forma assumida em seus depoimentos ou atribuídas a supostos mensageiros espirituais. São frases que, na verdade, não possuem beleza alguma, sendo mais um amontoado de trocadilhos e recados moralistas feitos para seduzir as pessoas e impor conceitos mistificadores e ultraconservadores, representando o perigo alertado com muita antecedência pela literatura espírita.

Segue mais um apelo da mais profunda e gosmenta pieguice, no release correspondente a esse livro de mensagens mistificadoras, e que devem ser lidas com cuidado para não cair na tentação das paixões religiosas, esses "cantos-de-sereia" que levam muitos céticos à perdição da fascinação obsessiva:

"Chico Xavier teve uma vida humilde no quesito riqueza material, mas rica em termos de valores morais. Sem ter cursado Chico Xavier é um exemplo de humildade, caridade, fé, perseverança, comprometimento e trabalho, além de ser o espírita mais importante nascido no Brasil. Tendo admiradores em todas as classes sociais, formação religiosa e idade, Chico foi o exemplo vivo de que o ser humano pode dar certo, de que podemos ter esperança de um mundo melhor, mais humano, em que todos sejam verdadeiramente irmãos. Nesse momento em que vemos a humanidade carente de bons exemplos, Chico revive por meio de sua história para continuar nos inspirando".

Tudo isso é um monte de mentiras, principalmente se lembrarmos que Chico Xavier foi um mito inventado por Antônio Wantuil de Freitas, quando os dois trabalharam juntos para vender literatura fake para alavancar as vendas dos livros e transformar a FEB num "vaticano tupiniquim", com um poderoso lobby apoiado pelos barões da grande mídia e pelo mercado literário dominante, a ponto de influir na retirada de catálogo dos livros originais de Humberto de Campos, para evitar que uma leitura comparativa derrube as "psicografias", que no seu todo não refletem o estilo pessoal dos autores mortos alegados (Humberto, sobretudo).

As alegações sobre Chico Xavier não possuem informações precisas, não têm fundamento factual, são apenas apelos publicitários de crendices religiosas, que não trazem dados objetivos, e são apenas um amontoado de palavras bonitinhas, que contradizem a essência original dos ensinamentos espíritas, que pregavam a lógica e o bom senso e não a ocupação leviana das paixões religiosas, da idolatria e da mistificação.

Os livros de Luís Eduardo de Souza deveriam ser jogados no lixo, porque só servem para promover idolatria barata, ainda que disfarçada de "admiração saudável a um homem humilde". São meros apelos emocionais que nada ajudam, porque desviam o foco das verdadeiras afeições que deveríamos ter por pessoas próximas ou por gente que realmente faz pela sociedade.

Não há provas concretas da "caridade" de Chico Xavier, que apenas pedia aos outros praticarem um mero Assistencialismo que não traz resultados sociais profundos, mas apenas ações paliativas que "aliviam a dor" sem curar a "doença" da pobreza. Chico apenas se promoveu às custas da ação alheia. Quanto às "cartas mediúnicas", aquilo tudo foi "cortina de fumaça" para anestesiar as pessoas durante a crise da ditadura militar, espetacularizando a morte de entes queridos, promovendo sensacionalismo barato e corrompendo a compreensão a respeito da vida espiritual. Sem falar que as cartas eram falsas.

Portanto, temos que abrir mão dessas paixões religiosas que envolvem Chico Xavier, que fazem com que o Brasil continue sempre travado em sua evolução, perdido no recreio viciado das fascinações obsessivas da fé deslumbrada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um