Há uma mania insistente em dissociar o "Espiritismo" Cristão das outras religiões cristãs como se a seita que revelou Chico Xavier e Divaldo Franco fosse diferente das outras. Na essência não é.
O desprezo a racionalidade científica de Allan Kardec e a opção pelo igrejismo lançado por Jean Baptiste Roustaing que nunca é assumido publicamente pelas personalidades que lideram a seita, fez com que o "Espiritismo" se transformasse numa igreja cristã com todas as características que a definem como tal. A Ciência e a racionalidade são apenas utilizadas para legitimar seus dogmas absurdos e forjar um diferencial que nunca é visto na prática.
Essa atitude de optar pela religiosidade, mesmo usando a "racionalidade" como "atestado de qualidade" colocou o "Espiritismo" brasileiro em pé de igualdade às outras religiões cristãs. O que leva a crer que suas lideranças poderiam muito bem integrar a bancada da Bíblia, pois é nítida a preferência dos "espíritas" brasileiros pela Búblia em detruncamento as "complicadas" obras kardecianas. Kardec sempre serviu apenas de mero objeto de bajulação para os "espíritas" brasileiros, com as suas lições literalmente jogadas no lixo.
O conservadorismo das lideranças "espíritas" que tradicionalmente vivem de bajular os governos correntes para obter favores (que não vão para a caridade) permite que a bancada pudesse aceitar integrantes "espíritas" que certamente se sentiriam bem dentro dela, encontrando a oportunidade de legislar pelos seus interesses particulares.
Os "espíritas" nunca foram ativistas de nada embora há uma grande parcela de seus seguidores pensem que há ativismo no "Espiritismo" brasileiro. Ao entrar em contato com as autoridades, as lideranças "espíritas" se limitam a um festival de bajulação recíproca, perdendo a oportunidade de usar esses encontros para reinvindicar melhorias reais para a população carente, ficando tuno na mesma e a miséria humana sendo usada como meio de promoção para essas lideranças e para os políticos que as premiam.
O próprio Chico Xavier, confundido como um "colecionador de qualidades" (divindade, professor, cientista, profeta, astrônomo, analista político, ativista social, etc.) que nunca teve de fato, estaria muito à vontade na bancada, como beato católico que nunca deixou de se, dialogando com absoluta perfeição com legisladores católicos e com alguns evangélicos menos radicais. O repertório dogmático do "Espiritismo" brasileiro é totalmente afinado com os ideais de outras igrejas e a crença em vida pós morte (sempre acreditada mas nunca provada) é apenas um detalhe, para uma seita preocupada em caridade paliativa, especulação ideológica e a canonização de suas lideranças.
E o que o "Espiritismo" brasileiro poderia fazer na bancada da Bíblia? Certamente a mesma coisa que os outros já fazem: defender o moralismo retrógrado e lutar pela manutenção de suas instituições, fontes certeiras de arrecadação financeira em prol de suas próprias lideranças.
Não esperem muitos avanços na possível participação de um "espírita" na bancada da Bíblia: se os cristãos se igualam em dogmas (com poucas diferenças relevantes), certamente se igualam em atitudes e em interesses. Ainda mais os "espíritas" que alardeiam a caridade cujo resultado nunca foi de fato percebido. Pois em mais de 100 anos de "Espiritismo" no Brasil, tudo continua na mesma, com ricos mais ricos e privilegiados e pobres mais pobres e subservientes.
Comentários
Postar um comentário