(Autor: Professor Caviar)
No "espiritismo" brasileiro, os chamados "tratamentos espirituais" são arremedos grosseiros e mistos de terapias hospitalares, homeopatia e consultório médico, tudo feito de forma improvisada, mas buscando maior semelhança com ambientes de hospitais e um simulacro de seriedade.
Só que esses tratamentos, percebendo que o "espiritismo" brasileiro é um sistema de desonestidade doutrinária e fraudes "mediúnicas" - a incompetência dos "médiuns" faz com que a atividade se reduza a um faz-de-conta de apelo religioso - , acabam atraindo os espíritos levianos que se divertem com essa doutrina popularizada por Chico Xavier.
E aí, o que costuma acontecer? O tratamento espiritual atrai energias negativas, e, em vez de resolver os problemas do indivíduo, faz com que ele contraia outros, ainda piores. Há a mãe que até consegue curar de uma doença grave, mas vê a sua filha mais querida morrer num acidente. Há o rapaz que quer melhorar as energias para atrair oportunidades de emprego, mas se torna vítima de trolagem na Internet. Outro que quer curar a depressão crônica, mas depois é vítima de um assalto.
Quando as pessoas sofrem desgraças e voltam para o "auxílio fraterno" reclamar de tais infortúnios, depois que iniciam tratamentos espirituais, os entrevistadores geralmente costumam dizer: "é sinal que o tratamento espiritual está dando certo, sim, mas no começo são aqueles irmãozinhos pouco esclarecidos que querem atrapalhar...".
As desgraças continuam e fica sempre aquele papo. A ideia é você sofrer tanto que, enlouquecido de desespero, tenha que ficar rezando pais nossos e aves marias até no ponto de ônibus e ficar cantando hinos religiosos o tempo inteiro, feito alguém em pânico. Fechar os olhos e ficar ouvindo músicas religiosas, ou buscar mensagens "espíritas" em canções "qualquer nota". Nem que seja uma gosma musical de Sullivan e Massadas ou mesmo um "funk" de Mr. Catra ou Valesca Popozuda.
E por que ocorrem tantas desgraças? A coisa realmente dá certo porque dá errado? Isso é conversa mole! O que ocorre mesmo é que o tratamento espiritual dá errado, sim. Não tem meia-volta. Quando se espera que uma coisa dê certo, ela tem que dar certo e não errado. E as desgraças que as pessoas sofrem após enfrentarem um tratamento espiritual são muito pesadas, piores do que os problemas que elas queriam resolver.
Não são coisas pequenas. São, muitas vezes, incidentes imprevistos, que causam muita dor, muitos sobressaltos e angústias. Tiram o sono de muita gente. Produz tristezas profundas e traumas. Cria irritações e revoltas intensas. Causam prejuízos financeiros e danos morais, em muitos casos. Como é que, diante de desgraças assim, o tratamento espiritual "está dando certo"?
A verdade é que o "espiritismo" aposta na Teologia do Sofrimento, que Chico Xavier tomou emprestado da Igreja Católica. A Teologia do Sofrimento tem como princípio defender que o sofredor tenha que suportar desgraças como um meio de "purificação espiritual". É uma analogia à interpretação medieval do martírio de Jesus, visto como "exemplo" para as pessoas.
Chico Xavier defendia a Teologia do Sofrimento. Isso está claro em suas frases. Chico dizia para os sofredores não reclamarem, não questionarem, não demonstrarem sofrimento, suportando desgraças e fingindo felicidade para as pessoas. Ele pedia para os sofredores verem passarinhos, o beija-flor pousando na flor, a água da chuva pingando de galho em galho, o coelhinho correndo na relva, se distraindo diante das piores desgraças.
Puro sadismo. Consta-se que a Teologia do Sofrimento segue o ponto de vista dos algozes de Jesus, embora seus partidários sempre aleguem que sua teoria está de acordo com os princípios cristãos. Mas, da medida em que se defende o martírio de Jesus como algo positivo, a Teologia do Sofrimento acaba sendo uma ideologia contrária aos ensinamentos do ativista judeu.
Nos seus salões confortáveis, na sua boa vida de "divulgadores da boa palavra", os "espíritas" acham que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Se a pessoa sofre as piores desgraças, se limitam a dizer "aguente que passa", "tenha fé em Deus que tudo resolverá" e, quando isso nada acontece, se limitam a fazer orações e recomendar uma overdose de palestras "espíritas".
Daí que o propósito dos tratamentos espirituais é este: como um entorpecente, pede a dependência do paciente à religião "espírita". De desgraça em desgraça, acaba cobrando mais envolvimento no "espiritismo", ouvindo as mesmas palestras maçantes, a verborragia de Divaldo Franco, os textos prolixos de Emmanuel, a frequência rigorosa nas doutrinárias, as rezas com a intensidade de terços e novenas, as músicas com mensagens religiosas. Os tratamentos espirituais não criam pessoas felizes, criam pessoas beatas.
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