(Autor: Professor Caviar)
A Teologia do Sofrimento é uma ideologia nociva que apela para a aceitação das desgraças humanas sob o pretexto de garantir as bênçãos no céu.
É uma ideologia elitista e discriminatória, porque não defende o sofrimento para os privilegiados, mas tão somente que sofredores continuem suportando desgraças e infortúnios. Os privilegiados que fiquem nos seus privilégios, sob o pretexto de que "um dia terão o que merecem".
A Teologia do Sofrimento tem raízes no Império Romano, mas foi popularmente conhecida a partir de Santa Teresa de Lisieux, no século XIX. No século seguinte, sua maior propagadora foi Madre Teresa de Calcutá, que dizia que o sofrimento era "um presente de Deus".
No "espiritismo" brasileiro, quem demonstrou a defesa mais convicta da Teologia do Sofrimento foi Francisco Cândido Xavier. Sim, o popular Chico Xavier, ele mesmo. O "médium" mineiro pregava que as pessoas deveriam sofrer sem queixumes, aceitar o sofrimento em silêncio e apenas se recolher na quietude da prece, esperando "bênçãos futuras", geralmente no além-túmulo.
A ideia de aceitar o sofrimento esperando pelos "prêmios do além" - a "vida eterna" católica e a ideia "espírita" de "vida futura" - da Teologia do Sofrimento requer uma reflexão mais cautelosa e aprofundada.
Afinal, a ideologia se inspira no exemplo de Jesus de Nazaré que, condenado ao martírio do calvário e da crucificação, se transformou num ícone considerado de maior elevação na espécie humana, alimentado pelo mito católico de que ele "morreu para nos salvar".
COMO A TEOLOGIA DO SOFRIMENTO É CONTRÁRIA A JESUS
Com isso, a Teologia do Sofrimento usava o martírio de Jesus como pretexto para que as pessoas que não estão no alto da pirâmide social e, portanto, não estão no bacanal dos privilegiados nem no sossego dos abastados, devam aceitar suas desgraças visando obter "prêmios" depois da morte.
Só que isso exige um raciocínio ainda mais cuidadoso. Afinal, se a ideia é definir o martírio de Jesus como "positivo", a ideia que está oculta nisso tudo é sobre de que lado estão os defensores da Teologia do Sofrimento.
Eles estão no lado de Jesus? Eles são solidários à figura do ativista judeu? Não. A verdade é que, ao defender o sofrimento de Jesus, mesmo quando admite ser um ato "lamentável" que trouxe "boas lições", a Teologia do Sofrimento, na verdade, é solidária aos poderosos do Império Romano, que decidiram pela condenação de Jesus.
Portanto, se há uma ideologia "anti-cristã" bastante perversa, ela é a Teologia do Sofrimento, que foi abertamente defendida por figuras que pareciam exprimir a "bondade plena e ilimitada" como Chico Xavier e Madre Teresa de Calcutá.
Os defensores da Teologia do Sofrimento, como católicos, "espíritas" e cientólogos - a Cientologia é outra que usa essa ideologia - , entre outras crenças similares, não conseguem explicar com clareza a validade dessa teoria, muito pelo contrário. Só os católicos, por exemplo, ficam confusos ao dizer se o sofrimento é uma dádiva de Deus ou não, se há mérito ou não em sofrer etc.
Sejamos lógicos e vamos nos despir de deslumbramentos místicos. Se a ideia é dizer que o "sofrimento é lindo" a partir de Jesus, e que "foi bom" ele ter passado pelo que ele passou porque ele atraiu "muitas bênçãos", a verdade é que, se foi bom que Jesus foi crucificado, então a decisão das autoridades do Império Romano foi bastante acertada.
E o que isso significa? Significa a raiz medieval da Teologia do Sofrimento, que remete ao Catolicismo criado por imperadores romanos para deturpar a trajetória de Jesus. Eles inventaram até um "julgamento" de Pôncio Pilatos para incriminar os judeus e inocentar os poderosos romanos de culpa, para assim se apropriarem do prestígio da própria vítima para impor suas mistificações.
Com isso, criaram-se estereótipos de humildade, perseverança, resignação, bondade e caridade que não correspondem à natureza humanista verdadeira, mas apenas aos ritos religiosos de dominação dos miseráveis e exploração do sofrimento humano, como propaganda do tendencioso assistencialismo religioso feito para encher igrejas, centros e outros templos e paróquias.
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