(Autor: Professor Caviar)
Quanta ingenuidade. Alguém viu pessoas ficarem felizes ao extremo porque uma grande soma de dinheiro vai para a sopa dos pobres ou o agasalho dos velhinhos? Alguém viu pessoas comemorarem porque um grande valor financeiro se destina à caridade, alcançando comunidades carentes?
Quanta ingenuidade. Alguém viu pessoas ficarem felizes ao extremo porque uma grande soma de dinheiro vai para a sopa dos pobres ou o agasalho dos velhinhos? Alguém viu pessoas comemorarem porque um grande valor financeiro se destina à caridade, alcançando comunidades carentes?
Existe um ditado que diz "quando a esmola é muita, o santo desconfia". É uma anedota influenciada em mitos católicos, é verdade, mas ela traz uma lição. A de que, quando a oferta é boa demais, é bom desconfiar.
O "espiritismo" brasileiro se tornou uma fraude bem-sucedida, e podemos dizer que foi bem-sucedida ao extremo. O "espírita" pode mentir descaradamente, que os outros considerarão verdadeiro e sincero. A justiça dos homens não mexe nas fraudes "espíritas", passando todo o verniz de "amor e bondade" em uma doutrina que entende muito mal Allan Kardec; se é que realmente algum "espírita" se interesse em estudar a sua obra - consegue seduzir e ludibriar aqueles que poderiam desconfiar dela.
Isso significa que, se a esmola é demais e é dada por um "espírita", ninguém desconfia. Acredita-se que as fortunas que entram nos "centros espíritas" são para os necessitados. A farsa é tão grande que vemos que nada ocorre nas comunidades carentes em geral. Os "centros espíritas" aparentemente "tudo fizeram" e as comunidades carentes continuam na mesma situação miserável e violenta de sempre.
Mas aí os "espíritas", que não entendem de Allan Kardec mas são especialistas em dar uma desculpa, ficam sempre argumentando: "os pobres aproveitam mal a caridade", "existem pessoas que atrapalham, sim", "alguns centros espíritas realmente desviam a caridade para si, mas são só uns centros menores", e se julgam "tranquilos no cumprimento de sua missão".
Fala sério! Uma doutrina que deturpa outra e se apropria do nome só pode estar cometendo irregularidades. E elas ocorrem aos montes. E mesmo o "bom" rótulo de "doutrina da bondade e da solidariedade" é apenas uma máscara para esconder mistificações e outras práticas aberrantes que fazem do "espiritismo" uma religião mais traiçoeira que as seitas neopentecostais que, por mais grosseiras e corruptas que sejam, não vendem a fé cega como se fosse "ciência".
E o que dizer de vídeos e filmes inteiros que são disponíveis de graça no YouTube? Filmes que são feitos com orçamento caro, documentários que exigiram viagens aqui e ali, hospedagem da produção, compra de câmeras, pesquisas de arquivos, como Data-Limite Segundo Chico Xavier, que são oferecidos de graça, como bala para degustação?
Se nem o documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God), de Malcolm Muggeridge, que em 1969 construiu o mito filantrópico de Madre Teresa de Calcutá, nos moldes que depois foram desenvolvidos no Brasil para Francisco Cândido Xavier (claro, copiar é um artifício muito comum no nosso país), foi disponibilizado de graça, não dá para entender a gratuidade de um documentário como esse, que ambiciosamente tenta promover Chico Xavier como um suposto profeta dos futuros tempos.
Para entender, devemos evitar a desculpa que os "espíritas" dão de que "é preciso dar de graça o que de graça se recebe" ou "espalhar a 'boa nova' para o grande público". Se hoje muitos dos produtos "espíritas", mesmo de confecção ou produção cara, são gratuitamente disponíveis, é porque eles deixaram de ser mercadorias e passaram a ser iscas. Eles se tornam "gratuitos" para atrair mais gente para a manipulação feita por essa doutrina deturpadora e mistificadora.
Afinal, os "espíritas" têm outros recursos de arrecadação. Primeiro, são isentos de impostos. Segundo, têm um lobby do qual conseguem arrancar muito dinheiro das elites, o que é ótimo para corruptos "lavarem dinheiro" com a "mais sincera caridade". "Eu sei que eles realmente fazem pelo próximo", tende a dizer os agiotas, rentistas, especuladores e outros "rapozões" que se envolvem "humildemente" com a "caridade espírita".
Há também os seminários caríssimos, que arrancam dinheiro dos inscritos para falar de familinha, de moralismo, entre outras obviedades. Seminários onde palestras são feitas para ensinar como você pode ser obediente às imposições da vida e ser premiado com futuros lugares no céu, com um quarto aconchegante (à semelhança do mais material dos mundos) em Nosso Lar ou em colônia parecida.
Há também carnês, que ninguém é obrigado a assumir mas o pessoal é "aconselhado" a pagar - falam que é para "a caridade" - , que servem também para encher dinheiro nas contas dos "espíritas". E, na boa, também há o desvio daquelas "melhores roupas" que o pessoal deixa entre os donativos que dariam uma boa renda nos brechós que também são feitos "para a caridade". Isso tudo sem citar os super-faturamentos comuns em muitos centros, onde lideranças pedem para doarem valores superiores ao dinheiro que realmente necessitam.
Apesar dessas coisas que acontecem nos bastidores não só dos "centros espíritas de fundo de quintal" - como as lideranças "espíritas" definem daqueles que admitem cometer "mau espiritismo" - , mas também dos "mais conceituados", as pessoas acham que no "espiritismo" só há "solidariedade" e "caridade" e que eles compensam a deturpação da doutrina kardeciana com "muito amor". Então tá.
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