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Chico Xavier e Fernando Henrique Cardoso: os mais blindados do Brasil


(Autor: Professor Caviar)


No final de sua vida, Francisco Cândido Xavier, doente e frágil, recebeu visitas de várias personalidades. Entre elas o político Aécio Neves, então deputado federal por Minas Gerais.

Entre Chico e Aécio, houve uma admiração recíproca. Chico Xavier viu em Aécio Neves a realização do sonho de um líder político que o "médium" havia traçado em 1952, numa mensagem atribuída a André Luiz e que se refere a um hipotético líder do Brasil futuro, e que rendeu interpretações bastante levianas, embora com algum sentido de veracidade, uma vez que, se vivo estivesse, o "médium" teria apoiado Aécio Neves, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, todos de acordo com o ideário conservador do beato católico de Pedro Leopoldo e Uberaba.

Pouco antes de morrer, Chico Xavier manifestava seu apoio político ao PSDB. Idoso, ele nunca iria mudar radicalmente de posição em relação à sua postura favorável à ditadura militar. Chico Xavier nunca lutou pela redemocratização do Brasil porque achava que isso seria tarefa de Deus, e preferiu, no seu conservadorismo, se resignar com o império das circunstâncias.

Em 1989, Chico Xavier apoiou Fernando Collor, na disputa contra o petista Lula. É bom deixar claro que Chico Xavier tinha por Lula o mesmo medo que tornou-se famoso em Regina Duarte, e muitos esquerdistas que se consideram "espíritas" (autênticos ou não) ignoram ou subestimam essa realidade. Infelizmente, os chiquistas costumam brigar com fatos, eles, que se dizem tão fraternos, vivem em constante conflito com a realidade.

Chico Xavier não iria se "esquerdizar" depois dos 75 anos. Como um sujeito conservador, fato comprovado por suas raízes e formação sociais, Chico Xavier entendia a velhice como uma fase em que antigos valores seriam consolidados e considerados imutáveis, e, do contrário que muitos seguidores, iludidos com o pensamento desejoso que professam, imaginam, Chico não abandonou o direitismo político nos seus últimos anos, nunca se transformando, no crepúsculo da vida, em algum revolucionário libertário de esquerda.

As sintonias finais de Chico Xavier se afinavam com o PSDB. E isso é fato. Chico só discordava da escolha de José Serra, porque ele era de uma índole que desagradava o "médium" e este queria um mineiro governando o Brasil. Mas as vibrações de Chico Xavier com o PSDB se tornam boas, até porque "médium" e partido político tornaram-se beneficiados pelo fortíssimo lobby que lhes garante uma blindagem tão férrea que os faz serem tratados como "santos" aos olhos da Terra.

A blindagem de Aécio Neves tornou-se tão caraterística que resultou no golpe político de 2016, apoiado pelo "movimento espírita". Aécio criou um prêmio "humanitário" com o nome do "médium" em Uberaba, a Comenda Chico Xavier. E Aécio é um dos vultos comparados a Chico Xavier, pela forma arrivista de ascensão social.

Fernando Henrique Cardoso é outro dos tucanos considerados "peito de aço". Ele, Aécio Neves e vários outros membros que lideram o PSDB e que são considerados "tucanos de alta plumagem", são conhecidos pela blindagem absoluta (claro, muito inferior à de Chico Xavier, agraciado até pelos erros cometidos e com um lobby de invejar muitos).

Se o ex-presidente Lula foi preso e é investigado por risíveis atribuições de ser dono de um apartamento no Guarujá e um sítio em Atibaia, Fernando Henrique Cardoso não é sequer investigado pelas propriedades que tem, no Brasil e no exterior. Ele, assim como outros membros do PSDB e seus familiares, possuem também volumosos depósitos financeiros em paraísos fiscais, os quais não houve o menor esforço de repatriação.

Denúncias recentes, reveladas pelo jornal The Intercept, mostram que Sérgio Moro e Deltan Dallagnol - pretensos heróis "contra a corrupção" exaltados até pelo "movimento espírita", que os creditava como inauguradores de um "novo período de regeneração da humanidade a partir do Brasil" - tentaram poupar FHC de qualquer investigação criminal, mesmo havendo fortes indícios. Ainda que FHC pudesse ser inocente de acusações, seria necessária uma investigação para desmenti-las, em vez de uma omissão de qualquer tipo de inquérito. A recusa da investigação pode se tornar mais uma proteção a um provável criminoso do que uma suposição de inocência. Dallagnol e Moro pouparam FHC porque ele era um "importante aliado" para a Operação Lava Jato.

Além do farto material da corrupção de FHC em livros como Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr. e O Príncipe da Privataria, de Palmério Dória, um novo livro mostra o lado latifundiário do ex-presidente e sociólogo, O Protegido - Por Que o País Ignora as Terras de FHC, mostrando que, enquanto Lula foi condenado por supostas propriedades que não eram dele, Fernando Henrique Cardoso nunca é investigado por propriedades que realmente possui.

O novo livro, de autoria de Alceu Luís Castilho, é um prolongamento de reportagem que ele fez na Carta Capital e que resolveu aprofundar. É a história de como FHC conseguiu, com apoio de empresários, iniciar uma "aventura agrária" comprando terras, a partir de uma parceria com o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta. Uma fazenda de Buritis, no interior de Minas Gerais, onde famílias de agricultores haviam sido despejadas num dos governos do sociólogo, foi adquirida, após a morte de Sérgio Motta, pelos filhos de FHC e pelo pecuarista Jovelino Mineiro.

Recentemente, Fernando Henrique Cardoso voltou a ser sócio dos filhos - entre eles Paulo Henrique Cardoso - na Goytacaz Participações, de duas propriedades dentro de um manancial (essa palavra os "espíritas" adoram muito) em Botucatu. Em 2018, um desses imóveis rurais foi desapropriado pela prefeitura dessa cidade paulista, por um valor simbólico de cinco reais.

E o Chico Xavier nessa? Bom, nesse caso, é claro que não tem relação. Mas comparemos a blindagem que FHC tem com a do "médium". Ambos foram blindados na ditadura militar. Exercem uma falsa imagem progressista. Possuem um lobby gigantesco que envolve mercado literário, imprensa, meio jurídico etc.

Chico Xavier nunca foi um adepto da reforma agrária. Ele, quando viveu em Uberaba, estava a serviço de fazendeiros locais e se tornou aliado deles. Ele recebeu de uma rica família em Goiás uma grande propriedade de terras para a instalação de uma "casa espírita", supostamente para fins filantrópicos. No mesmo Estado, Chico Xavier também blindou o pupilo João Teixeira de Faria, o João de Deus, encomendando a doação de terras para um "centro espírita" com propriedade cedida ao discípulo, que começava a ser acusado de charlatanismo e exercício ilegal da medicina, antecipando outras acusações criminais que, atualmente, conhecemos.

Sabe-se que ninguém investiga as irregularidades de Chico Xavier. As suas "casas assistenciais" recebem superfaturamento? Os pobres alojados recebem maus tratos? Houve progresso social em Uberaba? Em vez de investigar, se inventam factoides positivos, com o fim de criar "histórias reais" que não passam de fábulas marcadas por suposta beleza de caráter bem traiçoeiro.

Sendo um ídolo religioso, ninguém mexe com Chico Xavier. Ele começou com pastiches literários, mas tornou-se um semi-deus por causa de um fortíssimo lobby que o favoreceu. É muito fácil fazer fraudes e se esconder sob a capa da religião, o que faz com que até assassinos se escondessem sob a roupagem religiosa - tipo um Guilherme de Pádua que agora realiza "preces cristãs" - para fugir de qualquer condenação.

Chico Xavier foi logo assediar Humberto de Campos Filho para evitar que ele continuasse processando o "médium" pela apropriação indébita da memória do seu pai. Veio com um espetáculo de pregação religiosa, mostra de mero Assistencialismo e caravana ostensiva e cheia de pompa, só para doar uns punhados de roupas e comidas. E permite-se tudo isso para blindar um suposto médium que contrariou a Razão e a Lógica do Espiritismo original, e que deturpou a doutrina com seus fakes do bem e suas mensagens igrejistas, muitas delas contrárias aos postulados espíritas.

Daí que Chico Xavier tornou-se mais blindado que Fernando Henrique Cardoso. Mas ambos estão envoltos em uma mesma sintonia ideologicamente conservadora, que sugere aos tucanos do PSDB que mudem seu nome para ESPÍRITAS ou talvez para MÉDIUNS, pois o partido, com algum desses dois nomes sugeridos, ganharia a mais completa blindagem. "Médium" também nunca é processado. E João de Deus tornou-se um "médium de baixa plumagem".

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