(Autor: Kardec McGuiver)
"Espíritas" vivem classificando os neo-pentecostais de arqui-inimigos, criticando suas posturas e tratando-os como vendilhões dos templos. Tem sido assim por muito tempo, fazendo que as duas doutrinas nunca se entendessem e vivessem acusando uma a outra.
Mas como aquele que enxerga o argueiro no olho do outro sem perceber a trave do seu, os "espíritas não percebem que se parecem muito com os seus supostos arqui-inimigos. O golpe de 2016 mostrou que "espíritas" e neo-pentecostais se parecem. E muito!
Ideologicamente, "espíritas" sempre se divorciaram de Allan Kardec, reduzido a um reles objeto de bajulação a dar autenticidade às bobagens importadas por Chico Xavier, um católico na linha medieval, que realizou um verdadeiro estrago na doutrina, transformando numa seita de fé cega e dogmas mais que confusos e frequentemente contraditórios.
Como o Catolicismo moderno descartou muitos dos dogmas medievais, o "Espiritismo", contrariando Allan Kardec, importou vários dogmas descartados pelo catolicismo, como um badameiro que cata latas vazias jogadas fora na lixeira.
Chico Xavier era este badameiro e graças a ele, percebemos que surpreendentemente, o "Espiritismo" brasileiro tem muitos pontos afinados com os neo-pentecostais. Neo-pentecostais são também medievais por natureza e isso explica porque, apesar da inimizade, sejam tão parecidos com os "espíritas" que se recusam a estudar as obras da codificação francesa.
Vamos listar alguns pontos convergentes entre o "Espiritismo" brasileiro e as igrejas neo-pentecostais. Vocês vão cair para trás:
Antropomorfismo de Deus
Obviamente, até por ser medievais, as igrejas neo-pentecostais acreditam em Deus como um homem idoso a governar o universo aos moldes das lideranças terrenas. Mas não se esperaria que "espíritas" concordassem com isso. Perguntado uma vez sobre a imagem de Deus, Divaldo Franco, chiquista convicto, disse que "Deus é uma pessoa do sexo masculino e isso está perfeitamente correto". Mesmo a ideia de Deus como um espírito é antropomórfico, pois o iguala aos espíritos dos seres humanos.
Divinização de Jesus
Para os católicos, Jesus é o próprio Deus encarnado. Para algumas linhas evangélicas, Jesus não é Deus, mas o seu filho unigênito, o que não deixa de dar o caráter de divindade ao nazareno. Para os "espíritas", Jesus não é Deus, mas um espírito de máxima evolução, que não precisou mais reencarnar. Se pensarmos bem, é uma forma diferente de divinizar Jesus. No fim, todas as religiões cristãs acabam considerando Jesus o próprio Deus, variando apenas a forma de interpretar esta ideia.
Aborto é assassinato
"Espíritas" e neo-pentecostais condenam o aborto da mesma forma (embora tolerem o assassinato de adultos, como "defesa" a supostos criminosos). Para ambos, a maternidade é uma imposição irrecusável e mesmo em condições desfavoráveis, a mulher deve gerar a criança, mesmo que isso seja prejudicial, moral ou fisicamente a ela. Em caso de estupro, ambos recomendam que a estuprada se case com seu estuprador e se vire para se entender com o mesmo e para criar o filho nascido.
Homossexualidade é doença
Um ponto fechado entre os neo-pentecostais, mas que ainda é debatido sem acordo nos meios "espíritas". Apesar de muitos chiquistas apoiarem (ou simplesmente tolerarem) a união entre pessoas do mesmo sexo, há muitos que condenam. Estes o fazem segundo orientações de Chico Xavier, que enxergava na homossexualidade uma doença a ser curada. Aliás a cura gay é uma bandeira neo-pentecostal francamente apoiada pelo beato de Pedro Leopoldo.
Meritocracia: porque ricos são prósperos e pobres são miseráveis?
Embora interpretem de forma um pouco diferente a meritocracia, neo-pentecostais e "espíritas" a usam para justificar a justiça (??!!) das injustiças sócio econômicas. Enquanto para os neo-pentecostais, os ricos são "escolhidos por Deus devido a capacidade de lutar pela sobrevivência", "espíritas" acreditam que ricos sejam a reencarnação de benfeitores enquanto os pobres sejam a reencarnação dos malfeitores. Em ambos os casos, os ricos são tratados como merecedores de respeito e admiração, o que justifica o direitismo das duas formas de religião.
O poder da prece para mudar a realidade
Apesar de Allan Kardec dizer que preces só servem para dar tranquilidade e melhorar a energia, "espíritas" brasileiros tratam as orações como capazes de mudar a realidade, o que faz com que centros estejam lotados de pessoas que procuram tratamentos espirituais para melhorar coisas em suas vidas, principalmente curas de doenças materiais. Tudo bem parecido do que já é feito nas igrejas neo-pentecostais, através dos "shows de cura e de prosperidade".
Sessões de Exorcismo
São famosas as sessões de "expulsão dos demônios" nos cultos neo-pentecostais. Elas não lembram muito bem as sessões de incorporação vista em alguns cultos "espíritas". A comunicação dos espíritos é real, mas como não foi estudada no Brasil (que preferiu tratar a espiritualidade como algo religioso e não científico como queria Kardec), é tratada da mesma forma que o exorcismo neo-pentecostal, com os mesmos métodos de controle do indivíduo "endemoniado".
Curandeirismo
Sessões de cura tem servido como excelente isca para atrair fiéis tanto para o "Espiritismo" como para as igrejas neo-pentecostais. Todas longe da lógica científica e dos métodos recomendados pela medicina tradicional. Não raramente pessoas são contratadas para fingir de doentes para convencer a plateia de curas feitas e estimular a permanência nos templos e centros. É isso que justifica a lotação de templos e centros de pessoas pouco ou nada interessadas em conhecer as doutrinas, muito mais interessadas em resolver seus problemas da forma maia fácil e rápida possível.
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