(Autor: Professor Caviar)
Não existe filosofia na tal da "profecia" da Data-Limite de Francisco Cândido Xavier. O que se chama de "filosofia" é normalmente um engodo em que pessoas que nada sabem tentam juntar aquilo que não sabem e do qual só possuem uma noção vaga e chamam isso de "Conhecimento".
"Conhecimento" deixa de ser um processo de saber, porque é antes um agrupamento de ideias desconhecidas precariamente apreendidas pela mente, onde se misturam conceitos místicos, ideias sobrenaturais e suposições futuristas. Não é algo que se adeque à honestidade intelectual, à pertinência da lógica e, muito menos, à coerência da verdade, mas uma mistureba de ideias misteriosas e mistificadoras que só os ignorantes pensam ser "busca da verdade".
Um exemplo disso é a pretensão que os produtores do documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier, Juliano Pozati e Rebeca Casagrande, com seu livro homônimo, de criar um verniz "científico" e "filosófico" para o igrejismo "espírita", tentando transformar Chico Xavier - e, de carona, Divaldo Franco - em "cientistas" e "filósofos", através desse engodo que falamos.
E qual é a tal "filosofia" da Data-Limite? Primeiro, cita-se pensadores filosóficos, como Sócrates e Platão, só para dizer os pioneiros, de maneira superficial e pedante. Segundo, mistura-se astronomia com esoterismo, com descrições místicas de formação dos planetas e evoluções da espécie humana. Terceiro, coloca-se uma pitada de ufologia, alegando que extra-terrestres viriam aqui como missionários disso e daquilo. E aí, pronto: temos a "filosofia" da Data-Limite.
RISÍVEL DIVERGÊNCIA
O aspecto mais constrangedor do "movimento espírita" não está apenas em pessoas que somente fazem a pregação religiosa propriamente dita, como Chico Xavier e Divaldo Franco, só para citar os principais, mas de pessoas "de fora" que respaldam a divulgação e a consolidação desta seita religiosa.
Nomes como Alexander Moreira-Almeida, acadêmico da Universidade de Juiz de Fora, e Juliano Pozati, cineasta da Pozati Produções, são alguns dos que fazem parte desse segundo time, fazendo de uma religião uma pseudo-ciência, dando-lhe o aparato "mais científico e racional possível".
Pozati, que diz "adorar ciência" e afirma que O Livro dos Médiuns é sua obra favorita (será que ele realmente leu o livro?), é no entanto um entusiasta do igrejismo conservador de Chico Xavier, e leva às últimas consequências todo o pretensiosismo de fazer do "médium" mineiro alguém acima de tudo e de todos.
Ele quer que Chico Xavier seja "filósofo", dentro dessa manobra de criar um engodo discursivo que os incautos pensam ser "filosofia": compreensão superficial dos legados científicos e filosóficos, apreciação do esoterismo e do sobrenatural e suposições ufológicas ou astronômicas. Falsa ciência, e, da mesma forma, falsa filosofia.
Portanto, não há como ver filosofia nas palestras de Juliano Pozati. Como ele se apoia em Chico Xavier, o maior mistificador e deturpador da Doutrina Espírita, então Pozati também é mistificador. E mistificação envolve fantasia, meias-verdades e suposições tidas como certezas. E nada pior do que suposições que são tomadas como verdades ou certezas absolutas.
Tudo isso é mistificação. Os piores mistificadores são aqueles que justamente vestem a capa da "filosofia" para dizerem coisas nada filosóficas. E não se trata de uma interpretação filosófica a ser contestada por outra corrente filosófica, mas simplesmente de algo que nada tem de filosofia, mesmo que se concorde ou não com algo.
Isso porque o que Chico Xavier e Divaldo Franco fazem é puramente igrejismo. Catolicismo medieval à paisana. Se as pessoas acham que é "filosofia" um repertório de textos empolados, com linguagem rebuscada e prolixa, tidos erroneamente como de "palavras simples e esclarecedoras", então as pessoas não sabem realmente o que é a natureza do Conhecimento. Lamentável.
Comentários
Postar um comentário