Pular para o conteúdo principal

Atriz perde tempo com "debate" sobre Covid-19 e "profecia" de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar)

A atriz Fernanda Souza, conhecida pelo seriado cômico Toma Lá, Dá Cá, reprisado pelo canal Viva!, da Globosat, resolveu perder tempo com os pretensos debates em torno da "profecia" da tal "data-limite" de Francisco Cândido Xavier.

No seu perfil do Instagram, ela ofereceu espaço para esse desperdício conceitual que é a campanha do pseudo-intelectual Juliano Pozati, aquele mistificador barato que, de forma mentirosa, disse que "adora ciência" e alega que seu livro preferido é O Livro dos Médiuns (mesmo? Tem certeza, Pozati?), mas faz propaganda para a tal "profecia", da qual fatura muito dinheiro em cima.

É uma daquelas lives da Internet com supostos debates, conversas nas quais se usa o habitual recurso desses papos mistificadores, que é o de jogar um verniz intelectualoide, que só contribui para a cosmética "científica" que é uma espécie de "Covid-19" da nossa intelectualidade, uma contaminação pela forma para esconder ideias sem pé nem cabeça.

Portanto, esta live foi um "debate" no sentido que "debate" é o que se transmite em páginas de fake news como a Terça Livre, do reacionário Allan dos Santos, um dos propagandistas de Jair Bolsonaro. Embora sem o aspecto rancoroso desses canais, a "bondosa" live de Juliano Pozati, que entende o Saber como uma gororoba que mistura Conhecimento com Esoterismo, também contribui para o emburrecimento dos brasileiros.

A ideia é supor que a Covid-19 seria uma "confirmação" das "profecias" de Chico Xavier sobre a "data-limite", uma "cobrança" para que estejamos "mais unidos e solidários" nesse tempo de pandemia, e que "revejamos" nossas relações com a "vida material" e blablablá. Um apelo igrejista e duvidoso, que apela para essa "fraternidade da raposa com as galinhas" que o moralismo religioso tanto prega. Um igrejismo piegas travestido de Ciência. Quanta vergonha!!

Devemos nos lembrar que até os "meios espíritas", em parte, são forçados a admitir que a "profecia da data-limite" fracassou. Não tem mais sentido falar nessa "profecia", fosse qual fosse o pretexto, seja para pretensos alertas científicos, seja para propagandismo igrejista travestido de "apelos para a fraternidade". "Se ninguém promover a paz, o coronavírus vai pegar", diz tal pregação, de um moralismo bastante enjoativo.

A "profecia da data-limite" é tão ridícula que divide os próprios adeptos de Chico Xavier. Há uma corrente, entre os chiquistas, que rejeita a tese de que o "médium" teria "profetizado", que foi uma invenção de "oportunistas que querem ganhar dinheiro" e o suposto médium Ariston Teles, baiano radicado em Brasília, fez até falsete imitando Chico Xavier para dizer que "nunca fez profecia".

A coisa é tão ridícula que nem mesmo Franklin Félix, que costuma ser ridículo no pretenso esquerdismo e mistura o joio do trigo jurando "fidelidade a Allan Kardec" mas exaltando deturpadores como Chico Xavier, não defende a "profecia da data-limite". E a coisa é mais ridícula ainda quando o próprio Juliano Pozati, que antes acolheu o fatalismo catastrofista das "profecias" relatadas pelo "médium" a Geraldo Lemos Neto, teve que descartar ao passar a abordar somente o "lado agradável" das supostas profecias.

Para nós, Chico Xavier fez essas "profecias", mas, sinceramente, elas são ridículas no conjunto da obra. Canadenses e estadunidenses vivendo na Floresta Amazônica? Eslavos enfrentando o calor do Nordeste brasileiro? Erupções vulcânicas e terremotos destruindo áreas do Círculo de Fogo do Pacífico e só evitando o Chile, cheio de vulcões e placas tectônicas ? Sinceramente...

Não há como debater a "data-limite". O que se tem que fazer é rejeitá-la corajosamente. E quem alerta isso não são os raivosos arremedos de Padre Quevedo nem os paranoicos "neopentecostais", mas ninguém menos que o professor Allan Kardec. Sim, ele mesmo, o pedagogo de Lyon!

E isso pode ser observado na obra O Livro dos Médiuns, que inclui dolorosos puxões de orelha a Chico Xavier, apontando os mais diversos aspectos negativos depois vistos na trajetória do (suposto) "maior médium do Brasil". No que se diz à "profecia da data-limite", várias partes do livro oferecem subsídios para invalidar, por completo, essas predições, fosse qual fosse o contexto, a motivação e os propósitos de tais teses.

Vamos ao que diz o espírito São Luís, corroborado por Kardec, no Capítulo 24 - Identidade dos Espíritos, item 267, subitem 8º, quanto à atuação de espíritos levianos no que diz à previsão do futuro:

"8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação".

Em outra passagem, no capítulo 26 - Perguntas Que Se Podem Fazer, no item 289 - Perguntas Sobre o Futuro, até parece que a Codificação estava imaginando, com décadas de antecedência, a frivolidade e o personalismo das "profecias" de Chico Xavier, além de sua falta de serventia por apresentar apenas meros apelos igrejeiros sem valor prático real no nosso cotidiano:

7. Os Espíritos podem nos desvendar o futuro?

— Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente. É esse um problema sobre o qual sempre insistis para obter resposta precisa. Trata-se de um grave erro, porque a manifestação dos Espíritos não é meio de adivinhação. Se insistirdes numa resposta ela vos será dada por um Espírito leviano. Temos dito isso a todo instante.(Ver O Livro dos Espíritos, conhecimento do futuro, nº 868).

8. À vezes, entretanto, alguns acontecimentos futuros não são anunciados espontaneamente pelos Espíritos de maneira verídica?

— Pode acontecer que o Espírito preveja coisas que considera conveniente dar a conhecer, ou que tenha por missão revelar-vos. Mas é nesses casos que mais devemos temer os Espíritos mistificadores, que se divertem fazendo predições. É somente pelo conjunto das circunstâncias que podemos julgar o grau de confiança que elas merecem.

9. De que espécie de predições devemos mais desconfiar?

— De todas as que não forem de utilidade geral. As predições pessoais podem, quase sempre, ser consideradas falsas.

10. Com que fim os Espíritos anunciam espontaneamente acontecimentos que não se realizam?

— Na maioria das vezes para se divertirem com a credulidade, com o terror ou a alegria que causam, pois riem do desapontamento. Entretanto, essas predições mentirosas têm às vezes um fim mais sério: o de experimentar as pessoas a que são dirigidas, verificando a maneira por que as recebe, a natureza dos sentimentos bons ou maus que despertam.

Observação de Kardec: Tal seria, por exemplo, o anúncio do que pode excitar a cupidez ou a ambição, com a morte de uma pessoa, a perspectiva de uma herança etc.

11.Por que os Espíritos sérios, quando fazem pressentir um acontecimento, geralmente não marcam a data? Por que não podem ou não querem?

— Por uma e outra razão. Eles podem, em certos casos, fazer pressentir um acontecimento: é então um aviso que vos dão. Quanto a precisar a época, muitas vezes não o devem fazer; muitas vezes também não o podem, porque eles mesmos não sabem. O Espírito pode prever um fato, mas o momento preciso pode depender de acontecimentos que ainda não se deram e só Deus o conhece. Os Espíritos levianos, que não têm escrúpulos de vos enganar, indicam os dias e as horas sem se importarem com a verdade. É por isso que toda predição circunstanciada deve ser considerada suspeita.

Ainda uma vez nossa missão é a de vos fazer progredir e vos ajudamos quanto podemos. Os que pedem aos Espíritos superiores a sabedoria jamais serão enganados. Mas não penseis que perdemos o nosso tempo com as vossas futilidades e a vos ler a sorte. Deixamos isso a cargo dos Espíritos levianos, que se divertem com isso como moleques travessos.

A Providência pôs limites às revelações que podem ser feitas aos homens. Os Espíritos sérios guardam silêncio sobre tudo o que lhes é proibido revelar. Quem insiste para obter uma resposta se expõe às mistificações dos Espíritos inferiores, sempre prontos a aproveitar as oportunidades de explorar a vossa credulidade.

Observação de Kardec: Os Espíritos vêem ou pressentem por indução os acontecimentos futuros. Vêem que se realizam num tempo que não medem como nós. Para precisar a época da ocorrência teriam de identificar-se com a nossa maneira de calcular a duração, o que nem sempre julgam necessários. Essa, quase sempre, a causa dos erros aparentes.

Como se não fosse suficiente, eis o que nos diz o item 868 de O Livro dos Espíritos, obra fundamental que é o "cartão de visitas" da Doutrina Espírita (embora sucedida por uma obra seminal, mas subestimada, O Que É o Espiritismo?"). Diz o referido item, juntamente com os itens complementares, 869 e 870:

868. O futuro pode ser revelado ao homem?

- Em princípio o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais  Deus lhe permite a sua revelação.

      869. Com que fim o futuro é oculto ao homem?

- Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade de agora, pois seria dominado pelo pensamento de que, se alguma coisa deve acontecer, não adianta ocupar-se dela, ou então procuraria impedi-la. Deus não quis que assim fosse, afim de que cada um pudesse concorrer para a realização das coisas, mesmo daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo, sem o saber, quase sempre preparas os acontecimentos que sobrevirão no curso da tua vida.

870. Mas se é útil que o futuro permaneça oculto, por que Deus permite, às vezes, a sua revelação?

- E quando esse acontecimento antecipado deve facilitar o cumprimento das coisas, em vez de embaraçá-lo, levando o homem a agir dessa maneira diferente do que o faria se não o tivesse. Além disso, muitas vezes é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode despertar pensamentos que sejam mais ou menos bons: se um homem souber, por exemplo, que obterá uma fortuna com a qual não contava, poderá ser tomado pelo sentimento de cupidez, pela alegria de aumentar os seus gozos terrenos, pelo desejo de a obter mais cedo, aspirando pela morte daquele que lha deve deixar, ou então essa perspectiva despertará nele bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a previsão não se realizar, será outra prova: a da maneira por que suportará a decepção. Mas não deixará por isso de ter um mérito ou demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença mi previsão lhe provocou.

==========

Engana-se que Chico Xavier tenha "profetizado" para dar um alerta útil para a humanidade. Espíritos levianos e zombeteiros também vêm com essa promessa. Lembremos que a natureza de um mentiroso não é a de dizer, com alarde, "Cuidado que eu minto!", mas de dizer, ocultando com falsa modéstia suas contradições e equívocos, "Sempre falo com a verdade, na minha modéstia de não querer ser sábio". O pior mistificador e obscurantista não costuma dizer "O Saber é uma praga, fiquemos com a Mistificação, que tudo ilumina", mas, com igual falsa modéstia: "Na minha humildade de aprendiz, trago o Conhecimento, o Saber pleno e o Esclarecimento".

As pessoas ficam idiotizadas com a adoração, em qualquer dos níveis, a Chico Xavier. No caso da "profecia da data-limite", esquecem os seus partidários de que eles se deixam fascinar pelo personalismo de quem diz prever acontecimentos futuros. Ficam arrumando desculpas dizendo que as "profecias" são "úteis", são "um alerta para a humanidade" etc, se esquecendo que, acreditando nessas predições, estão rasgando os livros de Allan Kardec de maneira totalmente inescrupulosa.

Tudo isso é mistificação, até porque o "culto à personalidade" que sempre cercou e cerca Chico Xavier revela mais uma preocupação em promover um mito do que realmente pensar em algo relevante para nossa humanidade. A "profecia da data-limite" é apenas um gancho para promover a idolatria a Chico Xavier e gerar muito dinheiro, seja para Juliano Pozati e sua indústria de palestras pseudo-científicas, seja para a própria Federação "Espírita" Brasileira, que sempre faturou com as obras do "médium".

Lembremos do seguinte ditado: "não existe almoço grátis". E muito menos o "almoço espírita". Não é da natureza humana se empolgar demais porque o lucro de livros e palestras vai para os pobrezinhos. Nem o mais sincero filantropo age assim. Se há um entusiasmo e uma promoção pessoal às custas da suposta caridade, convém desconfiar: é porque, por trás da propaganda "filantrópica", se comete enriquecimento ilícito, que, no tempo de Chico Xavier, o fez ser sustentado de maneira confortável como um membro da família real britânica, com outros lhe pagando regalias, ainda que travestidas, estas, de pretensa simplicidade e falsa pobreza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um