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Esquerdas não aprendem jamais, continuando a cultuar "heróis" da centro-direita


(Autor: Professor Caviar)

Um conhecido programa da mídia alternativa foi mencionar dois intérpretes de perfil e valor cultural bastante antagônicos: os canastrões da falsa música caipira Chitãozinho & Xororó e o ícone da vanguarda musical, Belchior. Apenas porque as respectivas canções, "Sua Majestade o Sabiá" (na verdade, composição de Roberta Miranda) e "Tudo Outra Vez", falam de natureza.

Mais uma vez, as esquerdas apelam para a mesma atitude que as arruinou e lhes fez perder o poder em 2016. O apoio a figuras conservadoras como Chitãozinho & Xororó, a exemplo que tem, no âmbito religioso, a figura de Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier, com o Ch & X da dupla "sertaneja"), mostra o quanto as esquerdas, sob o pretexto de combater o ódio, o preconceito e a polarização, estabelecem a perigosa aliança da raposa com as galinhas. Sempre a mesma utopia de ver raposas reconstruindo o galinheiro.

O Brasil não tem uma tradição esquerdista e nossas esquerdas, pelo menos as que chegaram ao poder desde 2003, não têm a visceralidade cultural que havia nas esquerdas dos tempos de Juscelino Kubitschek e João Goulart. Naquela época, havia grupos empenhados em debater a cultura popular brasileira, questionando os processos de subordinação mercadológica que, depois, resultariam na ascensão dos ídolos cafonas que hoje exercem supremacia no Brasil.

Chitãozinho & Xororó surgiram entre os nomes cafonas dos anos 1960-1970, que já surgiam datados, assimilando tendências musicais ultrapassadas, desenvolvendo performances musicais piegas, canastronas e medíocres. Além disso, a ascensão de Chitãozinho & Xororó nos anos 1980 se deu com ajuda de duas figuras conservadoras: um Roberto Carlos já distante de seus tempos criativos e perdido numa caretice ainda mais retrógrada, e um Sílvio Santos que moldou o imaginário brega que se tornou dominante. É lamentável as esquerdas abraçarem esses paradigmas consagrados por um apresentador e empresário de TV que hoje mais apoia o bolsonarismo.

Nossas esquerdas mais recentes viram muito Globo, SBT, liam Veja e Caras, cultuam valores culturais mais próximos de Fernando Henrique Cardoso e sua defesa do complexo de vira-lata do Brasil, reduzindo o nosso país a uma mera periferia econômica e e um satélite cultural da indústria fonográfica sediada nos EUA e que estabelece um lobby até nas emissoras de rádio regionais, que, apesar de "extremamente populares", são controladas por poderosas oligarquias coronelistas, dessas que mandam matar agricultores e até missionários católicos envolvidos em movimentos sociais.

Quanta ingenuidade dessas esquerdas, que acreditam que, apoiando "funk" e "sertanejo" e cultuando Chico Xavier e suas ideias ultraconservadoras - ele defendia até o trabalho exaustivo! - , irão recuperar o protagonismo progressista. A desculpa do combate ao ódio, ao preconceito e à polarização não garantem que um suposto ambiente de paz possa trazer protagonismo às forças progressistas, pois as alianças com forças conservadoras não as farão ceder para tal intento.

Foi com esse "coração mole" que as esquerdas deixaram perder o protagonismo em 2016. Fácil citar um texto de Chico Xavier, ainda mais creditado a um "Humberto de Campos" fake, sob o pretexto de promover a paz e afastar as convulsões sociais. Fácil citar funqueiras balançando os glúteos ou "sertanejos" cantando músicas chorosas, sob a desculpa que isso seria a "mobilização social" em resposta à explosão de ódio das elites.

Acreditando nessas fantasias, as esquerdas botaram tudo a perder. O "coração mole" das esquerdas as fez acharem bonito ver "bailes funk" tratando os pobres de maneira caricata, fazendo-os subordinar a paradigmas mercadológicos que glamourizavam a ignorância e até o machismo, e tratavam o negro sob um estereótipo sutilmente racista, colocando-o como escravo e refém das qualidades negativas que o establishment jogava em cima.

Diante disso, a direita que nada tinha a dizer ganhou argumentos para desqualificar e ofender as esquerdas. Mas devemos tomar o cuidado de evitar o maniqueísmo que cria uma direita raivosa e crítica e uma esquerda positiva e conformista. Afinal, as esquerdas sorridentes querem promover uma "revolução" através de uma conciliação com as forças conservadoras na qual os próprios esquerdistas saem lesados e enganados.

Afinal, com o acolhimento de paradigmas culturais conservadores, como no caso de Chitãozinho & Xororó - acolhidos pelas esquerdas complacentes e órfãs de breguinhas de estimação, pois a dupla Zezé di Camargo & Luciano se bolsonarizou - , as esquerdas acabam cedendo a valores que acabam não trazendo vantagens para as forças progressistas, porque elas demonstram não terem um sistema de valores culturais próprios, pois elas tomam emprestado valores, paradigmas e personalidades que pertencem ao imaginário da centro-direita, associada a paradigmas político-econômicos divergentes dos progressistas.

Com esse apoio "muito bonito" a bregas, "sertanejos", funkeiros, "médiuns", craques futebolistas etc, as esquerdas acabam, como as galinhas que se sentem fascinadas pelo balanço do rabo de uma raposa, mais uma vez jogando fora seu protagonismo, em nome de uma pretensa conciliação na qual os conservadores saem sempre em vantagem. E como as esquerdas acabam apoiando paradigmas religiosos, musicais, esportivos e culturais apoiados por ninguém menos que Luciano Huck, já dá para perceber quem é que ficará mesmo com o protagonismo. Loucura, loucura, loucura!

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