
(Autor: Professor Caviar)
A foto montagem ao lado, baseado numa foto montagem famosa, pode ser fake como ilustração, pela dupla inserção do "médium" Francisco Cândido Xavier numa foto original em que um anônimo abraça um "Jesus Cristo" gorducho e que circula no Brasil com a inserção do rosto de um Chico Xavier com jeito de afobado.
Na montagem aqui publicada, se insere o rosto de Jair Bolsonaro, trazendo uma nova interpretação, tal a afinidade de ambos, figuras ultraconservadoras até com certa afinidade astrológica (Sol em Áries) e uma trajetória arrivista, que se iniciou através de muita confusão.
É claro que Chico Xavier não previu, na famosa mensagem de 1952 atribuída ao fictício André Luiz, a ascensão de Bolsonaro. As caraterísticas da "profecia" remetem mais a Aécio Neves, mas o tucano mineiro não conseguiu propriamente se ascender como líder e teve que se contentar em atuar pelos bastidores, como um dos mentores do governo de Michel Temer.
No entanto, a revelação contundente, perto da "data-limite" de 2019, sonhada por Chico em 1969 mas revelada somente em 1986, traz a constatação de que o lema "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", para desespero de muitos, foi apenas a previsão de um lema político de Jair Bolsonaro.

Essa adaptação é bem ao gosto dos sociopatas e dos internautas conservadores que, nas redes sociais, tanto apreciavam os memes com as frases de Chico Xavier quanto as fake news que os fizeram ter a obsessão em ver Jair Bolsonaro governando o país.
Isso é chocante até para setores das esquerdas que, ingenuamente, definem como "aliado" qualquer coisa que parecer ter cheiro de pobre. Ignoram até mesmo o "pobre de direita" que está louco para ver a privatização das estatais, do ensino público, defendendo a Escola Sem Partido e os cortes salariais considerados "justos" pela falácia elitista de que "pobre não sabe gastar". As esquerdas pensavam que o lema de Chico Xavier seria a volta do PT ao poder, e que a encenação de uma peça sobre o "médium" encenada em Curitiba faria o espírito do "médium" obsediar o carcereiro da Polícia Federal que, em transe mediúnico, iria pegar as chaves para soltar o ex-presidente Lula, que seria levado por intuição do espírito do religioso para viajar a Brasília e governar o país, não se sabe por que meios.
Quanta ingenuidade. Chico Xavier era reacionário de carteirinha, e as esquerdas desprezam isso. Os esquerdistas não relativizam o reacionarismo de Regina Duarte por ela ter feito personagens feministas, ou de Sílvio Santos, por ter sido camelô no passado, mas todos relativizam o reacionarismo do "médium" sem que haja um motivo consistente para tanto. O "espiritismo" brasileiro nunca teve em sua trajetória uma aliança espontânea com as forças progressistas, e seu "apoio" a Getúlio Vargas se deu somente no Estado Novo, mas o "movimento espírita", na verdade, apoiava mais o Lourival Fontes, do Departamento de Imprensa e Propaganda.
O "movimento espírita" (e Chico Xavier, junto) apoiaram o golpe civil-militar de 1964, respaldaram toda a ditadura militar, não participaram de movimentos de redemocratização mas, quando ela foi irreversível, atribuíram o fato à "vontade divina", apoiando a democracia da forma como o antigo PFL (hoje DEM), por exemplo, a apoiou. Exerceu atitude apenas respeitosa aos governos do PT, sem fazer um apoio solidário e, nos últimos tempos, nenhum "espírita" foi acolher o ex-presidente Lula na prisão.
IDEIAS DE CHICO XAVIER SE AFINAM COM AS DE JAIR BOLSONARO
Lendo os livros e vendo os depoimentos de Chico Xavier, muitos se chocam quando veem que suas ideias são afins a Jair Bolsonaro. Isso é fato, isso é confirmado com as palavras do "médium", e várias sínteses podem ser colhidas pelo pensamento que ele, seja de forma assumida ou creditando a autoria dos mortos (para tornar as opiniões pessoais de Chico Xavier "menos pessoais"), expressou ao longo de sua vida. Alguns exemplos:
TRABALHO - Chico Xavier apoiaria a reforma trabalhista. Ele, em várias ocasiões, manifestava ideias que podem ser resumidas em alguns princípios: "Por que você reclama das horas excessivas de trabalho, enquanto tem tanta gente reclamando de não ter emprego?", "Queixas dos baixos salários, quando isso é uma oportunidade para planejar os seus gastos e se desapegar de alguns bens que comprova sem necessidade (sic)".
O pensamento desejoso tenta argumentar as ideias de Chico Xavier sob um prisma progressista, fazendo interpretações complicadíssimas, difíceis de entender e investindo tanto em metáforas e perspectivas fantasiosas que não há como ver em Chico Xavier uma agenda de ideias lulistas. Esse esforço acaba trazendo um resultado prolixo, fantasioso, extremamente idealizado e dificílimo de entender, quando na verdade é uma tentativa vã das esquerdas recusarem a aceitar o reacionário que Chico Xavier sempre foi, em toda a vida.
RELIGIÃO - Outra causa que teria, em Chico Xavier, seu apoiador mais entusiasmado, é a Escola Sem Partido. Conhecendo a forma de Chico Xavier dizer suas ideias, reconhecemos que ele não veria o menor problema no projeto de Miguel Najib e Magno Malta, porque, segundo o que pensava o "médium", a Escola Sem Partido deixaria a Educação "dentro de seus corretos limites" de ensinar a ler, escrever, trabalhar e ser religioso.
Não existe forma de desvincular Chico Xavier da Escola Sem Partido. Ele reprovava a ideologia de gênero, não aprovava a atuação de sindicatos e movimentos de camponeses e sem-teto, e veria "frescura" em muitas pautas progressistas ensinadas nas escolas públicas no tempo da Nova República (1985-2016).
Muitos se esquecem que a declaração de Chico Xavier de que "deveríamos respeitar os homossexuais" era apenas uma falácia. Ele era homofóbico, apesar de muitos desconfiarem de seus jeitos quase efeminados de falar, e o "respeito" que ele pedia, no entanto, escondia o fato de que o "médium" tratava o homossexualismo como "doença", fruto de uma "confusão mental" do espírito encarnado. Na verdade, o que Chico Xavier defendia era a "cura gay".
REACIONARISMO EM CHICO XAVIER É EXPLICADO COM PROVAS
O que as esquerdas ignoram é que o reacionarismo de Chico Xavier possui provas consistentes e fartas, trazidas pelas próprias palavras do "médium" (mesmo aquelas creditadas a autores mortos para diminuir o personalismo das opiniões dele) e em contextos fáceis de serem identificados. O próprio "médium" deu uma ajudinha, esbanjando reacionarismo explícito na entrevista dada do Pinga Fogo, na TV Tupi, em 1971. O apoio a Fernando Collor, no segundo turno da campanha presidencial, também é outra prova.
Não se sabe o que há na cabeça dos esquerdistas a ideia de que Chico Xavier apoiaria o PT ou a pessoa de Lula, porque essa falácia se sustenta fragilmente por conta de ideias soltas sobre "humildade", "pobreza", "paz", "fraternidade" e "caridade", atribuídas ao "médium", mescladas com exageradas evocações emocionais ao ex-sindicalista e ex-presidente da República.
São argumentações extremamente fracas, motivadas pelos devaneios emotivos extremos, nas quais um único argumento lógico derruba com facilidade. Isso mostra também a cegueira dos tais "olhos do coração", que mostram o quanto os devaneios emocionais, mesmo tratando a religião como um "território possível", mesmo assim são derrubados pela realidade desagradável mas, acima de tudo, uma realidade indiscutível.
O Espiritismo original, francês, sempre se primou pelo rigor da lógica e do bom senso, o que significa que esse papo de "termos que ouvir o coração" é visto, pela ótica espírita original, uma grande e estúpida palhaçada.
Com isso, diante dos argumentos mirabolantes que tentam promover Chico Xavier como um suposto esquerdista, que resultam numa overdose de abordagens prolixas e fantasiosas, tem maior êxito a argumentação que indica o reacionarismo de Chico Xavier, que pode ser comprovada com muita facilidade a partir das próprias palavras do "médium".
E, assim, se vê que a expressão "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", na verdade, acabou se tornando o mesmo lema "Brasil, Acima de Tudo, Deus, Acima de Todos" de Jair Bolsonaro. A equivalência semântica entre as duas orações gramaticais é surpreendente. Além disso, Chico Xavier, um ídolo religioso cujo auge se deu na ditadura militar (as afinidades de sintonia comprovam), forneceu as condições psicológicas que resultaram na vitória eleitoral de Bolsonaro, logo na "data-limite" sonhada pelo "médium".
E, além disso, até o braço-direito de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, citou Chico Xavier defendendo a ditadura e a repressão para "combater o caos esquerdista". É bom jair se acostumando com as associações de Chico Xavier a Jair Bolsonaro. Não há mais espaço para o pensamento desejoso, pois os "médiuns" devem ser vistos não como se deseja que fossem, mas da forma que eles realmente são. A realidade é dura.
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