(Autor: Professor Caviar)
Não cola a retórica de que "o hospital se instala onde existe a doença", porque, uma vez instalada, as coisas deveriam melhorar, se esse discurso fizesse sentido. Só que não, e o que vemos é a piora cada vez crescente dessa "doença" da violência e da miséria, revelando a hipocrisia do "espiritismo" brasileiro que, em Salvador, possui dois "médiuns" e uma dezena de "centros espíritas" considerados influentes, situados em regiões como Pituaçu, Pau da Lima, Uruguai, Brotas, Candeal, Barris, Calçada, Saboeiro, Graça e Amaralina.
O Nordeste de Amaralina, junto a seus bairros vizinhos Santa Cruz e Vale das Pedrinhas, são marcados por uma violência tão intensa que os lugares são perigosos até de dia, como se observou num tiroteio que aconteceu num dia de semana e obrigou membros de uma creche, funcionárias e crianças, a se abaixarem para não serem atingidas por balas perdidas.
Na Bahia em geral, a violência chega a colocar cidades como Salvador, Camaçari, Simões Filho e Jequié entre as mais violentas do Brasil, e o índice de assassinatos se torna tão preocupante que Salvador, no último Censo, já deixou de ser a terceira capital mais populosa do Brasil, caindo para o quinto lugar.
Pois nada disso impediu a violência na capital baiana de aumentar consideravelmente, impulsionada pelo cenário bolsonarista, apesar do governo da Bahia ser ligado ao Partido dos Trabalhadores. A polícia de Salvador já chega a ser mais violenta que a do Rio de Janeiro, esta também "caprichando" na sua truculência genocida, matando até crianças negras e pobres. Mas Salvador, tão famosa pelas "boas energias", tornou-se um verdadeiro pesadelo, forçando as pessoas em geral não só estabelecerem seu toque de recolher como precisam evitar sair de casa e até a se expor nos lugares onde ocorrem tiroteios. Na última segunda-feira, 04 de setembro, ocorreu um tiroteio na manhã, na altura do Cemitério de Campo Santo, um local de expressivo movimento de veículos e de transeuntes.
Entre as regiões mais perigosas de Salvador, quatro são "protegidas" pelas forças supostamente elevadas do "espiritismo" baiano: Pau da Lima, onde se situa a Mansão do Caminho do "médium" Divaldo Franco, o entorno de Pituaçu e Boca do Rio, sede da Cidade da Luz do "médium" José Medrado, a região de Nordeste de Amaralina, Santa Cruz e Vale das Pedrinhas, "protegida" pelo "centro espírita" Paulo e Estêvão, situado numa rua de Amaralina, e a Península de Itapagipe, "amparada" pelo "grupo espírita" Bezerra de Menezes, localizado no bairro do Uruguai.
Em outras regiões do Brasil, nota-se que as energias maléficas são transmitidas por instituições "espíritas" diversas. Em Niterói, o fato de uma "avenida de ciclovia" que mais parece ruela para carroça em Piratininga ter o nome de "Chico Xavier" - sem que o "médium" tivesse beneficiado o povo de Niterói, muito pelo contrário, vide a ofensa de uma acusação infundada trazida pelo livro Cartas e Crônicas de 1966 - favorece a violência de estupradores e milicianos na região. Em Várzea das Moças, a presença de um "centro espírita" faz os niteroienses entrarem em transe de forma a ninguém conseguir raciocinar para urbanizar a região e ligar os bairros de Várzea e Rio do Ouro, sem um acesso próprio entre si e dependentes de uma rodovia estadual, a RJ-106, atrapalhando o transito de veículos para a Região dos Lagos. Obsessões espirituais impedem com que pessoas sequer reflitam sobre esse problema de mobilidade urbana que pode gerar problemas no futuro.
Já em São Paulo, a sede da Federação "Espírita" do Estado de São Paulo (FEESP) influi na chamada cracolândia e na área perigosa na sua proximidade, sobretudo Praça da Sé, Brás, Aclimação, Santa Cecília, Paissandu e República, locais por onde não se recomenda circular, sobretudo depois das 17h30. Na própria FEESP já ocorreu um suicídio no banheiro da instituição. Na Praça da Sé, já houve a ocorrência de um feminicídio. Outro bairro, Casa Verde, foi "cenário" da novela A Viagem, na primeira versão da TV Tupi (a versão da Rede Globo preferiu usar o Projac do Rio de Janeiro, "iluminando" a Jacarepaguá comandada por milicianos da pesada, já "abençoados" pelo Lar Frei Luiz da Taquara), e isso fez com que o bairro paulistano sofresse dificuldades em se urbanizar e até de ter um sistema de ônibus mais abrangente (a região não é atendida por metrô nem trem).
Não há desculpas de que o "espiritismo" está recebendo pouca atenção ou assistência, que outros fatores é que contribuem para essa violência e não se pode responsabilizar os "espíritas" por isso. Até porque o "espiritismo" brasileiro, pela sua falsidade, pela sua hipocrisia, atrai energias negativas e as transmite para os locais em volta. As raízes do "espiritismo" no Brasil sempre foram ligadas não a Allan Kardec, mas a Jean Baptiste-Roustaing, mas depois de 1938 a herança roustanguista sempre foi posta debaixo do tapete.
Juntando a isso ideias ultraconservadoras e literatura de produção fake, com falsas atribuições a autores mortos, o "espiritismo" brasileiro é uma verdadeira colcha de retalhos da hipocrisia humana, uma coisa que nem seus críticos mais severos consegue entender na sua totalidade. E aí ficam dando surra em Allan Kardec, atribuindo a ele os erros de Chico Xavier, e este acaba sendo blindado até por quem deveria desqualificá-lo de vez.
Por isso as energias espirituais no Brasil quase sempre são confusas, maléficas, por conta desse passar de pano religioso em que se criam cachorros mortos para serem linchados e bodes expiatórios para pagarem pelos pecados dos verdadeiros culpados.
Pelo jeito, funcionou bem a mandinga de Antônio Wantuil de Freitas, que deve ter caprichado no "despacho" de umbanda para blindar seu protegido Chico Xavier, pois este é blindado de tal forma que nem os seus mas enérgicos críticos se encorajam a derrubá-lo. E na capital da cultura negra brasileira, as "boas energias" dos dois discípulos baianos do "médium" estão a serviço de um grande massacre que atinge principalmente negros e pobres que não só são impedidos de receber ajuda, como são impedidos de permanecer vivos. Terrível e revoltante crueldade.
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