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Allan Kardec paga pelos erros de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar)

Questionadores do "espiritismo" de diversos matizes, desde ateus convictos e ativistas negros, são até bem intencionados nas contestações que fazem aos excessos do "espiritismo", mas nota-se que eles preferem bater mais em Allan Kardec do que em Chico Xavier, este blindado até nas bactérias que devoram seu cadáver em Uberaba.

Nota-se uma complacência absoluta a Chico Xavier, mesmo quando admitem que ele errou feio e transmitiu abordagens sem lógica no que se entende aqui como "Doutrina Espírita". O farsante charlatão de Pedro Leopoldo e Uberaba possui incidentes gravíssimos em sua trajetória, e ninguém, nem mesmo os mais críticos, se encorajam em contestar ou investigar. Será que os contestadores do "espiritismo" brasileiro vão ter a covardia de transformar Chico Xavier no "seu malvado favorito", uma espécie de "detestável mais amado" por eles?

Vamos enumerar os pontos macabros da trajetória de Chico Xavier, para que ninguém se deixe enganar pela aparência frágil e modesta do charlatão religioso:

1) Há indícios de que o uso do nome Humberto de Campos em pretensas psicografias teria sido uma revanche de Chico Xavier em relação às críticas que o famoso escritor maranhense havia feito ao farsante livro Parnaso de Além-Túmulo, um marco da literatura fake que permite fazer de Chico Xavier o "padroeiro das fake news". A atitude revanchista repercutiu mal, e Chico Xavier só não foi para a cadeia porque um juiz com a mesma (in)competência que hoje vamos em Sérgio Moro decidiu cancelar o caso, cobrando da viúva do autor maranhense o pagamento dos custos advocatícios (isso lembra muito Michel Temer);

2) Se utilizando do recurso perigosíssimo do "bombardeio de amor", tão alertado pelos mais renomados intelectuais do mundo, o filho de Humberto de Campos, homônimo ao pai, foi assediado por Chico Xavier assim que este soube que o rapaz, conhecendo o "kardecismo" através de um lobby de atores e diretores da TV Tupi, e resolveu chamar o filho do ilustre escritor para "conhecer" o Grupo "Espírita" da Prece, em Uberaba, através de um ritual de doutrinária religiosa, práticas assistencialistas e uma excursão pela cidade mineira em 1957. De um cético elegante e sério, Humberto de Campos Filho, chorando feito um bebê ao abraçar Chico Xavier, passou a ser um idiota beato, tamanha a força traiçoeira do "bombardeio de amor" tramado pelo "médium";

3) O sobrinho de Chico Xavier, Amauri Xavier Pena, depois de ser forçado a seguir a mesma atividade do tio, ou seja, se passar por "médium", resolveu denunciar o próprio parente recorrendo não só a um jornal mineiro, mas também à renomada revista Manchete, que na edição de 09 de agosto de 1958 revelou que o jovem denunciante recebeu "ameaças de morte do meio espírita" (palavras da revista). Na mesma época, o escritor "espírita" Henrique Rodrigues publicou um texto rancoroso contra Amauri. Há fortes indícios de que Amauri Xavier sofreu maus tratos quando internado num sanatório de Sabará. A morte de Amauri, que ainda foi vítima de campanha caluniosa dos "espíritas" (que juram nunca caluniar sequer o pior inimigo), suspeita-se, teria sido a mando de Antônio Wantuil de Freitas e executado por um funcionário, provavelmente já falecido, de um "centro espírita" de Belo Horizonte;

4) Participando de práticas de falsa materialização desde 1953, Chico Xavier se envolveu num grave escândalo, quando se envolveu com práticas farsantes organizadas por Otília Diogo, que parecia conhecedora de ilusionismo circense. Para quem não sabe, a prática de materialização se divide em dois truques: no primeiro, voluntários fingiam produzir ectoplasmas com gazes, esparadrapos e algodões enfiados em suas bocas e, no segundo, modelos cobertos de roupas brancas e encapuzados exibiam nos capuzes as fotos de personalidades mortas recortadas de revistas. Há indícios de que Chico Xavier estava por dentro da farsa e em nenhum momento ele foi vítima da fraude. Pelo contrário, começam a surgir suspeitas de que o próprio "médium" tramou a fraude. Chama a atenção o fato de que o incidente fez o "médium" Waldo Vieira romper a amizade com Chico Xavier. Quando a farsa foi revelada, no entanto, só Otília saiu punida, enquanto Chico Xavier se preparava para se tornar um grande ídolo religioso;

5) No programa Pinga-Fogo, da TV Tupi, em 1971, Chico Xavier defendeu tanto a ditadura militar que despejou comentários agressivos (sim, é isso mesmo que você, leitor, está lendo) contra o esquerdismo político, e pediu para os brasileiros orarem pelos militares, porque, nas palavras do "médium", as Forças Armadas estavam fazendo do Brasil um "reino de amor" (?!). Chico Xavier ainda usou o nome de Castro Alves, um poeta abolicionista do século XIX, para defender os militares que defendiam valores análogos á escravidão. Embora tenha gente passando pano em Chico Xavier dizendo que ele "apoiou a ditadura sem apoiá-la, só para evitar ser preso", a verdade é que o "médium" apoiou tanto a ditadura militar que até colaborou com ela, investindo em outra farsa demagógica, as "cartas mediúnicas", uma cortina de fumaça para tentar salvar a ditadura militar e evitar que se torne popular a Teologia da Libertação, corrente católica que se tornou a maior força de oposição ao poder ditatorial;

6) Ao surgirem, em 1993, as primeiras denúncias de crimes sexuais, charlatanismo e exercício ilegal da Medicina, o "médium", latifundiário e acusado até de mandante de assassinato, João Teixeira de Faria, o "João de Deus", recebeu de Chico Xavier um presente, pois o "médium" acobertou a trajetória criminosa do goiano e lhe deu um casarão na cidade de Abadiânia (a meia-hora, de carro, de Uberaba) que se tornou a "Casa Dom Inácio de Loyola". Isso não impediu que João de Deus fosse denunciado e condenado, mas quem acha que o "espiritismo" não tem a ver com isso está enganado. Antes de se tornar famoso, João de Deus trabalhava e era parceiro de Chico Xavier, que o via também como um potencial discípulo. Sim, Chico Xavier estava acobertando e blindando um criminoso!!!!

7) Chico Xavier deixou de ser pobre quando passou a vender seus terríveis livros de psicografake, ou seja, "psicografia fake", mas ele pretensamente "doou" todo o lucro para a FEB, sob a desculpa da instituição socorrer o povo pobre, coisa que, de fato, nunca aconteceu. A FEB se tornou exorbitantemente rica, bem mais do que a Igreja Universal do Reino de Deus, e Chico Xavier apenas nunca tocou em dinheiro, por sentir nojo em mexer nas notas e moedas sujas do contato dos outros, mas era tão beneficiado quanto a falecida rainha Elizabeth da Inglaterra, outra que também "não mexia em dinheiro" e não virou pobrezinha por isso. Chico Xavier viveu sempre no bem bom, no conforto notável, mas havia a preocupação em se passar por "humilde" para enganar as pessoas.

Lembremos que Chico Xavier também era machista, racista, pregava que os oprimidos deveriam continuar sofrendo, não suportava ver pessoas reclamando da vida, o que significa que o "médium" recusou a ajudar o próximo, na medida em que suas pregações religiosas apelavam para que os sofredores continuassem na sua desgraça, aguentando até depois de não poderem mais, enfrentando provações extremamente pesadas e acima de suas capacidades durante tempos, sob a desculpa de que no futuro "encontrarão uma vida melhor". A defesa da desgraça humana por Chico Xavier derruba a tese, uma mentira feita "verdade absoluta", de que o "médium" teria vivido como "missionário da caridade".

Lembremos, por outro lado, que Kardec não compartilhava desses valores e práticas, antes feito alertas que uma leitura atenta em O Livro dos Médiuns pode identificar como contrárias a Chico Xavier. E, do contrário da trajetória sombria do "médium" de Uberaba, o pedagogo de Lyon não cometeu atos ilícitos nem abusivos.

Hoje se fala que Kardec era racista, mas se esquece que isso era um contexto do seu tempo, de sua época, não podendo ver as coisas como se vê hoje. Prestando atenção, as alegações de Kardec de que os negros eram "seres inferiores" não eram demonstrações de racismo convicto, pois o próprio Codificador admite que poderia errar. Aquilo era fruto de valores sociais da época, tanto que as ideias raciais só começaram a ser mudadas com o desempenho da Antropologia Social no século XX.

Botar tudo na conta de Kardec, mesmo quando se critica os erros de Chico Xavier, é perigoso. Afinal, a preocupação em rejeitar o Codificador pode servir de cortina de fumaça para a trajetória macabra do "médium" e manter a blindagem que Chico Xavier continua recebendo até de seus detratores. Uma blindagem sem querer, acidental, porque é coisa de quem critica, mas não critica muito. E é Chico Xavier, e não Kardec, que merece o mais enérgico repúdio, a mais severa crítica, a mais rigorosa investigação, pois sobre ele existem acusações graves de ter forjado fraudes, consentir com o assassinato de um sobrinho, colaborar com a ditadura militar e NUNCA ter feito a caridade que falam tanto dele.

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