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O "espiritismo" brasileiro não cultiva o ódio?

(Autor: Professor Caviar)

Relembrando o caso Amauri Xavier, a gente fica pensando. O "espiritismo" brasileiro realmente nunca cultiva o ódio? Ou será que o ódio é condicionado a certas circunstâncias? Será um medo dos "espíritas" revelarem seus sentimentos mais ocultos, ou será uma natural reação de beatos dessa religião que se fantasiam demais e, por isso, se tornam agressivos quando devolvidos à realidade dos fatos?

A "incapacidade de odiar" era o único aspecto que os "espíritas" tinham para desvincular sua religião do contexto do cenário político de hoje, com Jair Bolsonaro governando o Brasil. Mas diante da revelação da fúria com que "espíritas" reagiram contra as denúncias de Amauri Xavier, em 1958, mostram o quanto os "espíritas", quando querem, são tão rancorosos e vingativos quanto os bolsonaristas.

E para quem pensa que esse rancor foi superado, é bom prestar atenção nas redes sociais. Quando se questiona a figura de Francisco Cândido Xavier, o mito adocicado do "bondoso Chico Xavier", muitos internautas se enfurecem, parecendo os chamados "bolsomínions", os hidrófobos apoiadores de Jair Bolsonaro. Já houve até carteirada religiosa de senhora histérica dizendo "Quem é você para falar de Chico Xavier?".

Esse aspecto do ódio mostra o quanto Chico Xavier e Jair Bolsonaro se assemelham e de forma mais surpreendente do que se imagina. Afinal, se, por outro lado, Jair Bolsonaro é mais bonachão do que se imagina e consente em promover a paz se estiver de acordo com seus desígnios, Chico Xavier foi capaz de fazer juízos de valor bastante perversos, contrariando o que ele mesmo dizia, para que "nunca se julgue quem quer que fosse". Vide o caso das humildes vítimas da tragédia do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, em 17 de dezembro de 1961.

O ultraconservadorismo "espírita" choca a todos, porque muita gente acreditou no verniz "futurista" e "progressista" da religião que fingiu herdar os ensinamentos de Allan Kardec mas preferiu o igrejismo roustanguista. Mas o conteúdo retrógrado, baseado numa repaginação do Catolicismo jesuíta e medieval que prevaleceu no Brasil-colônia, mostra o quanto a religião "espírita" que se promove no Brasil, ancorada na Teologia do Sofrimento, é bastante conservadora.

A fúria é uma reação natural dos devotos de Chico Xavier que querem repousar num mundo de cor e fantasia, num cenário simplório de Assistencialismo (que dizem ser Assistência Social) sob uma narrativa digna de contos de fadas. Diante de revelações realistas e desagradáveis, os chiquistas explodem em raiva, reagindo com sarcasmos, ironias, ameaças, carteiradas.

Isso não é invenção. É uma análise psicológica. E isso vale tanto nas paixões religiosas quanto no uso das drogas. É quando a pessoa está feliz no seu momento de transe, numa espécie de "adormecimento" sob relativa lucidez, e que faz com que o primeiro convite para o despertamento seja respondido com reações de agressividade e irritabilidade.

As condições psicológicas que Chico Xavier, pelas suas raízes sociais, pela sua natureza ultraconservadora, inspira nas pessoas, são as mesmas que propiciam esse contexto de redes sociais bolsonaristas e de ultraconservadorismo social, político, econômico e cultural que prevalecem no Brasil. Chico Xavier não pode estar fora desse contexto e nem deve ser visto como algo oposto a ele, porque segue os mesmos paradigmas e representa os mesmos valores que fazem parte desse cenário de conservadorismo extremo e moralismo retrógrado e confuso.

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