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O "bolsonarismo" de Emmanuel

(Autor: Professor Caviar)

Convenhamos. Quem cobra "disciplina" nem sempre cumpre a sua. É muito fácil, no moralismo retrógrado, cobrar rigor aos outros, quando não se faz a própria parte. Em muitas famílias, os pais cobram aos filhos para procurarem emprego, mas não cobram dos empregadores que lhes concedam alguma oportunidade para trabalhar. Assim fica complicado para pessoas que chegam a estufar o peito cobrando rigor extremo aos outros - aquela falácia de que "tem que meter a cara, mesmo, dar murro em ponta de faca até sangrar" - e não contribuem com sua parte.

Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República sob a perspectiva de que atuaria com grande rigor moral no Brasil. Sua imagem, embora sob mil controvérsias, sempre foi associada, por seus apoiadores, à ideia de "austeridade", "transparência" e "coragem para implementar medidas duras para resolver a crise no Brasil". Algo como também associar a imagem de Francisco Cândido Xavier à ideia de "bondade" e "dedicação ao próximo", ideias bastante vagas e alegadas por forte impulso emocional. É desagradável, para muitos, comparar Jair Bolsonaro e Chico Xavier, mas elas envolvem provas contundentes, com o apoio à ditadura militar comum entre ambos.

Pois o apelo bolsonarista volta a assombrar Chico Xavier, cujo reacionarismo apresenta provas contundentes, inclusive a minimização da repressão militar em declarações semelhantes a Eduardo Bolsonaro (filho de Jair que é ativista da extrema-direita internacional), no qual tanto o "médium" quanto o filho do ex-capitão dizem pontos de vista semelhantes (ver aqui).

Aqui vemos um relato do falecido "espírita" Ramiro Gama, ligado à Federação "Espírita" Brasileira, nota-se o relato em que Chico Xavier teria "conhecido" o jesuíta Emmanuel, no livro tendenciosamente intitulado Lindos Casos de Chico Xavier, publicado pela LAKE em 1973. Nele nota-se a preocupação do autoritário espírito pela palavra "Disciplina", a mesma "bandeira" de Jair Bolsonaro.

Notemos que Allan Kardec havia alertado, em O Livro dos Médiuns, que a atuação de espíritos autoritários sobre médiuns revela sinal de inferioridade espiritual, sendo menos recomendado considerar qualquer validade de um médium que atue sob essa influência. Vejamos o texto:

Disciplina
os fins de 1931, Chico, à tardinha, orava sob uma árvore junto ao Açude, pitoresco local na saída de Pedro Leopoldo para o norte, quando viu, à pequena distância, uma grande cruz luminosa. Pouco a pouco, dentre os raios que formava, surgiu alguém. Era um Espírito simpático, envergando túnica semelhante à dos sacerdotes, que lhe dirigiu a palavra com carinho. 

Não se sabe o que teriam conversado naquele crepúsculo, mas conta o Médium que foi esse o seu primeiro encontro com Emmanuel, na vida presente. E acentua que, em certo ponto do entendimento, o orientador espiritual perguntou-lhe: 

– Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com o Evangelho de
Jesus?
– Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem... respondeu o Médium.
– Não será você desamparado – disse-lhe Emmanuel –, mas para isso é preciso
que você trabalhe, estude e se esforce no bem.
– E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? – tornou
o Chico.
– Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o
Serviço...
Porque o protetor se calasse, o rapaz perguntou:
– Qual é o primeiro?
A resposta veio firme:
– Disciplina.
– E o segundo?
– Disciplina.
– E o terceiro?
– Disciplina.
O Espírito amigo despediu-se e o Médium teve consciência de que para ele ia começar uma nova Tarefa.

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