Há uma hipótese, bastante plausível, e que chegou ao conhecimento do paranormal espanhol radicado no Brasil, o padre Oscar Quevedo (já falecido), de que Francisco Cândido Xavier não foi médium coisa alguma e o que ele fazia de "mediunidade", acreditando "escrever involuntariamente mensagens do 'outro lado da vida'", teria sido fruto de esquizofrenia.
Um texto do portal Recanto das Letras, de autoria de Carlos Roberto Fernandes e que não podemos reproduzir, restando-nos apontar o link relativo ao artigo, fala da trajetória de Maria João de Deus, a caipira mineira, descendente de escravos e "católica apostólica romana", como lembra o referido artigo, e que havia sido mãe de Chico Xavier (que teve a risível façanha de "mandá-la para Marte", como uma suposta "repórter do espaço", através de relatos descritos no livro Cartas de uma Morta, o primeiro livro "psicográfico" depois do constrangedor Parnaso de Além-Túmulo).
Segundo se pode inferir com os dados apresentados pelo articulista, Maria João de Deus - cuja aparência nem de longe reflete a beleza estonteante de Letícia Sabatella, que a interpretou no cinema - teria nascido em 1881, conforme a combinação de dados de nascimento controversos (registro paroquial em 1881, registro no cartório em 1885) e a informação de que ela teria morrido aos 34 anos em 1915 (o que aponta 1881 como ano de nascimento).
Maria João de Deus casou-se com o vendedor João Cândido Xavier e teve inúmeros filhos e, no final da vida, teria morrido de grave enfermidade, que o texto não informa qual foi. Infere-se que grandes desgostos na vida influíram na morte prematura, mas suspeita-se que ela, como uma pessoa vivendo numa área rural e ainda nos padrões do século XIX, teria descuidado da saúde e vivendo em precárias condições sanitárias, como é de praxe na população rural da época.
O que chama a atenção é que, no período em que ela começava a ter saúde fragilizada - ela também foi operária e lavadeira, e, nas suas condições de pobreza, isso significava sobrecarga física - , infere-se que a doença teria agravado no nascimento de dois filhos, Chico Xavier, em 1910, e Raimundo Xavier, em 1913, falecido precocemente em 1942. Em 1914, nasceu a caçula Geralda Xavier, que viveu longamente sem problemas e tornou-se nora do dirigente da FEB, Manuel Quintão, um dos revisores dos livros de Chico Xavier. Esse dado não está no texto de Carlos Fernandes.
Descontando Geralda, pode chamar a atenção o fato dos dois caçulas homens, Chico e Raimundo, estiverem em situações problemáticas. Chico, com suspeitas de problemas mentais. Raimundo (apelidado Mundico pela família), com morte prematura, talvez por uma enfermidade não creditada.
Essas são hipóteses, mas pode fazer sentido que Chico Xavier tenha sofrido esquizofrenia e a única "experiência mediúnica" teria se limitado aos contatos com o espírito da mãe. Até a atribuição "psicográfica" a Emmanuel (que teria sido uma renomeação do suposto espírito do Padre Manuel da Nóbrega) é alvo de controvérsias. Mas o que se sabe é que a "psicografia" de Chico Xavier, no conjunto da obra, apresenta problemas sérios referentes a estilos literários, aspectos pessoais, caligrafia nas assinaturas etc, que as chances de autentificação são impossíveis, apesar de tentativas nesse sentido (feitas em bases inseguras e hipóteses especulativas).
O próprio Chico Xavier já disse, em entrevista, que "compreende as razões" do pai João Cândido ter desejado internar o rapaz num sanatório. Da mesma forma, o suposto médium, quando criança, levava surra da sua tutora - que o acolheu após a morte da mãe do menino - porque insistia em pretensas faculdades paranormais.
Consta-se que o plano de transformar Chico Xavier num "médium", jogando ao público o projeto sensacionalista do Parnaso de Além-Túmulo - que, sem a menor sutileza, era um livro supostamente de autoria coletiva, com tantos problemas estilísticos que teve que sofrer reparos aqui e ali, por CINCO VEZES! O mal poderia ter sido cortado pela raiz, com a desqualificação de Chico Xavier já a partir desse estranho livro de 1932.
O texto até admite aspectos realistas, admitindo que a mãe de Chico Xavier era "católica apostólica romana" (nome como é conhecido o Catolicismo medieval) e que a maioria dos livros sobre o "médium" é "memorialista" (restrita a testemunhos de teor afetivo). Mas o texto de Carlos Fernandes não deixa de ser chapa-branca, ao mencionar que "sem esta estrutura (disciplina perante as responsabilidades do amor), demonstrada cotidianamente por sua mãe, talvez o mundo (!) não tivesse conhecido posteriormente o médium Chico Xavier". Sabemos que é um exagero dizer que Chico Xavier foi "um dos maiores médiuns do mundo", como naquelas manias do Brasil empurrar personalidades medíocres e duvidosas para forçar a apreciação pelo resto do mundo.
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