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A caridade paliativa consagrada como "bondade"

(Autor: Kardec McGuiver)

Ultimamente a caridade paliativa tem voltado a ser assunto por causa do projeto Criança Esperança, organizado pela Rede Globo (a mesma que reinventou o mito de suposta caridade de Chico Xavier) inspirada no mundial Teleton. Segundo eles o objetivo e ajudar financeiramente vários projetos de suposto assistencialismo acreditando que com isso a sociedade brasileira acabaria com as desigualdades.

Mas as desigualdades não acabaram, os problemas só aumentam, a renda do país é altamente concentrada e há indícios fortes que esta crise é uma armação para que os ricos possam concentrar ainda mais renda e/ou transferi-las em contas no exterior ou de corporações estrangeiras. O projeto que completou trinta anos em 2015 se mostrou um imenso fracasso pela sua incompetência em mudar o país. Ou será porque a metodologia de caridade é realmente equivocada?

Capitalistas nunca foram caridosos. Defendem apenas patrimônios e valores "morais". Para preservá-los não hesitam em prejudicar quem esteja "barrando o caminho". E não raramente este "prejuízo" pode vir na forma de "caridade".

Além de não auxiliar de forma eficiente no bem estar alheio (ate porque para preservar privilégios elitistas, não se pode "abrir demais a torneira"), muitas ONGs se aproveitam de projetos "educacionais" para difundir ideologias defendidas por seus donos e responsáveis. 

Lavagem cerebral confundida com "Educação"

Por exemplo: uma ONG com ponto de vista capitalista certamente vai tentar colocar ideias capitalistas nas mentes de seus tutelados. E quando lavagem cerebral é confundida com "educação", o que é perigosíssimo e provável raiz da intolerância social que aumenta em nossa sociedade.

Entidades "espíritas", não de Allan Kardec (apenas objeto de bajulação), mas de Chico Xavier, Divaldo e similares com a mais absoluta certeza tentam converter seus tutelados de forma sutil ("espíritas" não se consideram proselitistas), estimulando-os a frequentar palestras e fazer tratamentos "espirituais". Ao saírem das instituições se limitam a ser cidadãos passivos preparados para o mercado de trabalho, apesar de completamente alheios a realidade que os cerca.

A caridade defendida por religiões e instituições, admirada pela sociedade e apoiada por iniciativas empresariais como o Criança Esperança, é uma forma paliativa de altruísmo. Mesmo que garanta um bem estar permanente aos seus tutelados, ela não garante a dignidade, estimula a passividade lançando mão de atitudes que façam o possível que o senso crítico seja interrompido e o discernimento atrofiado. 

É um tipo de caridade que serve mais para que o tutelado suporte os problemas nunca resolvidos de uma sociedade injusta comandada e regulada por lideranças gananciosas. É aprovada socialmente porque satisfaz a estereótipos de bondade esperados tradicionalmente, mas que não conseguem de fato trazer o verdadeiro bem estar aos que mais precisam, pois muitos auxiliados, embora saiam da indigência, nunca avançam além do que se pode chamar de "classe média baixa", ainda não dispensada das dificuldades impostas pelas injustiças.

O trabalho das ONGs e instituições de caridade inclui, além de oferecer o minimo necessário (e só o mínimo), fornece uma "educação" que faça com que o sair da instituição, aceite a sua condição inferior e viva na sociedade respeitando as hierarquias de classe aceitando a hipótese de nunca ser realmente feliz e digno. 

Pobres nunca podem ser líderes

Interessante que muitos projetos de caridade se empenham em manter os tutelados em sua inferioridade, limitando a  projetos que os estimulem a ser apenas artistas e atletas, proibindo que os mesmos possam ser educados para serem líderes, prerrogativa exclusiva das "responsáveis" e "cultas" elites dominantes. Não existem projetos educacionais de instituições de caridade com o objetivo de transformar jovens carentes em lideranças sócio-econômicas.

Transformar pessoas carentes em líderes é perigoso para as elites, pois o conhecimento real dos problemas cotidianos, somado a capacidade e as condições de decidir como resolvê-los, pode tentar acabar com a concentração de renda e com os problemas que beneficiam (acreditem, há problemas que favorecem as elites) esta concentração. Por isso a "educação" caridosa deve estimular a maior passividade possível, para que as estruturas de poder nunca sejam alteradas.

Esta caridade é a defendida pelas religiões e principalmente pelo "Espiritismo" brasileiro, tão metido a racional e revolucionário. Chico Xavier e Divaldo Franco são considerados "os maiores filantropos do mundo" fazendo apenas caridade paliativa e sem resolver os problemas reais das comunidades onde atuavam, cujos problemas crescem sem parar. O bairro do Pau da Lima e a cidade de Uberaba crescem em níveis de violência e desigualdades e os projetos dos "espíritas" superestimados foi incapaz de evitar esse infeliz crescimento. Como apoiar projetos de caridade incapazes de evitar a decadência de seus tutelados?

É o mesmo tipo de caridade patrocinada pelo Criança Esperança, que na verdade é apenas uma forma das Organizações Globo posarem de boazinhas e fingir que possuem responsabilidade social. Estamos bem longe de ter uma sociedade justa e digna. E não serão projetos de caridade paliativa que irão mudar isso.

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